A água e as pulsões em O lustre, de Clarice Lispector
Mariângela Alonso
RESENHA

A água e as pulsões em O lustre, de Clarice Lispector é uma obra que pulsa com a intensidade das emoções humanas e a profundidade da existência. Ao longo de suas páginas, Mariângela Alonso mergulha em um dos mais intrigantes romances de Clarice, revelando camadas que, muitas vezes, escapam até mesmo do olhar mais atento. O livro não é apenas uma leitura; é uma viagem ao âmago da psique, onde as águas da memória e das pulsões se entrelaçam, criando um cenário evocativo que desarma e encanta.
Clarice Lispector escreveu O Lustre em um contexto repleto de pressões sociais e existenciais, refletindo a solidão e a busca por identidade que permeavam a vida da autora e de seus contemporâneos. Mariângela se aprofunda nessa paisagem angustiada e lasciva, extraindo significados que vão além da mera narrativa. A água, símbolo de purificação, fluidez e, ao mesmo tempo, de afogamento, faz eco à luta interna da protagonista, que navega entre desejos reprimidos e anseios de liberdade.
A maneira como a autora utiliza os elementos da água como metáfora para os sentimentos humanos ressoa fortemente com muitos leitores, que compartilham pensamentos sobre a riqueza da análise oferecida por Mariângela. Em várias resenhas, a crítica é unânime: o livro provoca sensações intensas, uma comoção quase visceral. Sentimentos de solitude, amor e tensão são explorados, deixando o leitor em um estado de reflexão profunda.
Por outro lado, não faltaram vozes dissonantes que questionam a abordagem quase filosófica de Alonso. Alguns sugerem que a profundidade de sua análise pode desviar-se do enredo original, transformando a experiência de leitura em algo complexo demais para os que anseiam por uma história linear. Porém, é exatamente essa densidade que provoca o leitor a se confrontar com suas próprias pulsões, obrigando-o a revisitar suas vivências e emoções.
A relação entre a água e a pulsão revela a fragilidade do ser humano, que se debate entre a realidade e o desejo, entre a conformidade e a revolta. Cada página traz à tona a angustiante dança entre o ser e o não-ser, instigando uma introspecção que nos desafia a questionar nossas próprias existências e relações. O que é ser livre? O que nos prende nas correntes invisíveis que nos cercam? Essas perguntas, embutidas na obra, ecoam como um chamado à aventura interna.
Se você busca ser sacudido por questões que definem a existência humana, então esta leitura é inadiável. Cada palavra de Mariângela Alonso é uma gota de água que, acumulando-se, forma um lago de reflexões profundas. Não deixe que a maré da superficialidade te leve para longe dessa experiência transformadora.
📖 A água e as pulsões em O lustre, de Clarice Lispector
✍ by Mariângela Alonso
🧾 149 páginas
2018
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