A bailarina de Auschwitz
Edith Eva Eger
RESENHA
Pluma ao ar, sangue nas mãos! É assim que começamos a jornada de Edith Eva Eger em "A Bailarina de Auschwitz", um relato que atravessa o espectro humano das emoções, onde a beleza e a brutalidade dançam lado a lado. Eger, uma verdadeira sobrevivente, narra um espetáculo grotesco vivido no coração de um dos períodos mais sombrios da História.
O holocausto se enovelou no cenário permeado pelo cheiro acre do medo, e é nesse palco que encontramos uma jovem cheia de sonhos, chocantemente arrancada de uma vida destinada ao brilho dos refletores para ser sufocada pelas sombras da crueldade humana. É uma corrida constante entre a morte e a métrica dos passos na plataforma de um campo de concentração. Em pleno inferno, Edith Eger é ordenada a realizar uma apresentação para ninguém menos que Josef Mengele - o infame "Anjo da Morte". A adrenalina pulsa ao lembrar que ao seu redor há concretizadas inúmeras ausências com os que vieram, mas jamais saíram.
Ao longo destas 304 páginas, sentimos o frio cortante do paredão de aço do campo de Auschwitz, a dor pungente dos ossos furando a pele, mas também a resiliência de quem acreditou e apostou no poder da esperança e da arte. Narrado de forma magistral, cada palavra parece um movimento delicado de um recital paradoxal de vida e morte, potencializado pelas memórias contundentes da autora, que sobreviveu para contar.
Eger aprofunda as feridas abertas pela guerra, enquanto desvela camadas da psicologia humana, um ecos de um trauma eternizado. Elas dialogam com o sentido mais apurado de nossa humanidade, nos chamando a valorizar cada respiração, sentindo os próprios calafrios pelos horrores descritos. A doutora Edith Eger, que mais tarde se tornou psicóloga, nos oferece uma estrada empedrada de contradições, revelando sua jornada de sobrevivente a terapeuta, esmiuçando a sua incrível trajetória de cura e libertação.
Os críticos se rasgam em palavras ao comentar. "Uma lição de amor, perdão e redenção" dizem uns; "Um olhe no breu humano" afirmam outros. Há um imperfeito esmero que não deixa intactas pessoas que mergulham em suas páginas, arrancando pensamentos sobre aonde a substância do mal humano pode proceder.
É impossível entrar nesse universo sem seus próprios rins rangerem, sem seus músculos mais profundos se contraírem em uma espécie de homenagem aos que não voltaram. Sentimos, ouvimos, vivemos! Eger não é apenas uma contadora de histórias; ela é uma orquestradora de emoções avassaladoras. Suas palavras ecoam pelas almas, submetendo-nos a um transe de compaixão, solidariedade e urgindo a refletir valores esquecidos em prateleiras empoeiradas dos âmagos de cada leitor.
Prepare-se para ser arremessado em um redemoinho paradoxal de dor e beleza, arrepios e belos arcos de resiliência. "A Bailarina de Auschwitz" TE convida a entrar no palco mais trágico e resiliente de que se ouviu falar, onde até nos momentos mais negros, é possível encontrar uma faísca de luz, esquivando-se como uma pluma flutuante de primavera entre espinhos de arame farpado.
Que o leitor tiro macabras conclusões ou encontre nas entrelinhas o calor humano que só uma verdadeira página transformadora pode proporcionar! Desse inesquecível recital de emoções narrado por Edith Eva Eger, não saímos os mesmos. E ao término do último ato, o olhar nunca mais será dardejado submisso, mas plenamente vívido. 🌟
📖 A bailarina de Auschwitz
✍ by Edith Eva Eger
🧾 304 páginas
2019
E você? O que acha deste livro? Comente!
#bailarina #auschwitz #edith #eger #EdithEvaEger