A Cidade dos Hospícios e a Vida dos loucos
À falecida Constança - cá, constantemente e eterna (Contos)
Jorge Luiz
RESENHA

A Cidade dos Hospícios e a Vida dos loucos: À falecida Constança - cá, constantemente e eterna é um convite não só à reflexão, mas ao mergulho em um universo frequentemente esquecido: o das vidas que habitam os limites do que chamamos de sanidade. Jorge Luiz, com uma prosa incisiva que se recusa a ser suavizada, nos arrasta para dentro de um labirinto onde os ecos de gritos e sussurros coexistem com a solidão e o desespero.
A obra, ainda que breve com suas 13 páginas, não se deixa limitar pela contagem. Cada palavra é um golpe que ressoe na mente do leitor, trazendo à tona críticas à sociedade que margina quem não se encaixa nos padrões convencionais. Os Hospícios, nesse contexto, não são meras instituições. Eles se tornam microcosmos de uma sociedade que teme a diferença e a vulnerabilidade humana. Ao homenagear Constança, figura central que poderia ser qualquer um de nós, Jorge Luiz expõe as feridas que permanecem abertas em um espaço onde o amor e a dor se entrelaçam de forma visceral.
Os leitores não têm como ficar imunes a essa narrativa higiênica de horror. A visceralidade do texto proporciona momentos de pura compaixão, fazendo sua empatia transbordar em reflexões sobre a fragilidade da mente humana. As vozes de Constança e outros personagens gritantes se tornam um chamado à solidariedade, lembrando que, atrás dos rótulos, estão histórias, sonhos e batalhas pessoais.
A recepção do público, no entanto, é polarizada. Há quem considere a obra um mergulho profundo e necessário nas questões da saúde mental, uma âncora em um mar muitas vezes agitado e confuso. Outros, mais críticos, apontam a falta de soluções praticáveis nas críticas expostas e na narrativa, talvez reclamando de um tom que beira a desesperança. Mas é exatamente essa crueza e ausência de uma paleta optimista que amplificam o impacto do texto, levando o leitor a confrontar realidades tão frequentemente varridas para debaixo do tapete social.
O pano de fundo histórico e cultural não pode ser ignorado. O Brasil dos últimos tempos, com suas crises de saúde mental exacerbadas pela indiferença e pelo caos político, oferece um cenário que torna A Cidade dos Hospícios ainda mais urgente. Jorge Luiz, em sua sensibilidade, faz um retrato que é ao mesmo tempo atemporal e também profundamente enraizado nas mazelas contemporâneas, fazendo com que o leitor se pergunte: quem somos nós para categorizar a loucura?
Ao final, fica a sensação de que a leitura não é apenas um ato de entretenimento, mas um chamado à ação e reflexão. As vozes que emergem das páginas de Jorge Luiz não são apenas histórias de loucura; são gritos de rebeldia e um indiscutível desejo de compreensão. E você? Está pronto para ouvir o que eles têm a dizer? 🌪
📖 A Cidade dos Hospícios e a Vida dos loucos: À falecida Constança - cá, constantemente e eterna (Contos)
✍ by Jorge Luiz
🧾 13 páginas
2018
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