A cidade que dança
Clubes e bailes negros no Rio de Janeiro (1881-1933)
Leonardo Affonso de Miranda Pereira
RESENHA

A cidade que dança: Clubes e bailes negros no Rio de Janeiro (1881-1933) é uma obra que não apenas revela, mas explana com um vigor quase palpável a rica e vibrante história dos espaços de sociabilidade negra no Brasil. Leonardo Affonso de Miranda Pereira não está apenas contando uma narrativa; ele está, na verdade, acendendo uma tocha e iluminando os cantos escuros de uma história frequentemente esquecida, que vive à sombra da grande narrativa nacional. Você vai sentir cada batida dos tambores, cada movimento dos corpos que dançam, cada olhar de desprezo e cada grito de liberdade que ecoam nesses clubes, que se tornaram verdadeiros palcos de resistência durante um período marcado por tensões sociais intensas.
Através de uma pesquisa meticulosa e uma escrita envolvente, o autor nos transporta para um Rio de Janeiro que pulsava ritmo e cor, onde os bailes negros serviam de refúgio e resistência, um espaço mágico onde os laços comunitários eram reforçados e as identidades negras podiam florescer, mesmo sob a pressão constante do racismo e da opressão. O que você encontra é uma teia de vidas interligadas, histórias pessoais que transbordam em uma só voz, uma sinfonia de luta e celebração. Quer você conheça ou não a história do samba, do maxixe ou das danças afro-brasileiras, a urgência do relato de Pereira torna tudo irresistivelmente sedutor.
Os relatos de festas noturnas e aglomerações de corpos dançantes abrem um leque de emoções - alegria, dor, resistência, mas também saudade. É nesse balé de sentimentos que o leitor é convidado a mergulhar. Você vai sentir a conexão quase visceral entre os dançarinos e seu espaço; os clubes não são apenas cenários, mas personagens que respiram e vivem, que gritam por reconhecimento. Ao ler, você se verá invadido por uma intensa emoção, questionando o que sabemos sobre as nossas tradições culturais e como elas foram moldadas por contextos que ignoramos.
Os comentários sobre a obra refletem isso. Há uma animação visceral entre os leitores, muitos encorajando outros a se aventurarem por essas páginas que oferecem não apenas um relato histórico, mas uma reflexão profunda sobre identidade e pertencimento. Contudo, alguns críticos argumentam que a abordagem poderia explorar mais as intersecções entre raça, classe e gênero, ressaltando as complexidades que permeiam essa narrativa. Esses debates enriquecem ainda mais a experiência de leitura, pois cada ponto de vista abre o leque das interpretações que podemos fazer da obra.
A importância de A cidade que dança reside em sua capacidade de não apenas contar uma história, mas de instigar uma reflexão profunda sobre quem somos enquanto sociedade. Você se verá confrontado com verdades que talvez tenha evitado, questionando a forma como a cultura negra moldou nosso entendimento de brasilidade. A inclusão dos bailes e clubes como espaços de resistência cultural e social se torna uma chamada à ação. É um lembrete de que a dança, mais do que um mero entretenimento, é um ato político.
Esse livro não é apenas uma leitura; é uma experiência transformadora que vai deixar marcas profundas em sua compreensão do passado e presente do Brasil. Ao final, a dança não é só sobre movimento; é sobre a vida, a luta e a incessante busca por reconhecimento e liberdade. Portanto, não se deixe enganar pela superficialidade dos rótulos. Abra os olhos e sinta a cidade que dança, pois ela está gritando por você, esperando que você ouça sua batida. 🖤💃
📖 A cidade que dança: Clubes e bailes negros no Rio de Janeiro (1881-1933)
✍ by Leonardo Affonso de Miranda Pereira
🧾 360 páginas
2021
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