A Hora das Crianças
Narrativas Radiofônicas
Walter Benjamin
RESENHA

A Hora das Crianças: Narrativas Radiofônicas não é apenas um compêndio de histórias, mas um convite irresistível a um universo onde a imaginação e a realidade se entrelaçam de forma sublime. Walter Benjamin, com sua mente inquieta e perspicaz, resgata a essência do infantil em uma era sobrecarregada pelo pragmatismo adulto. Neste livro, ele aprofunda-se na natureza da narrativa e na magia da rádio, uma mídia que, como uma varinha mágica, dá vida a vozes e sonhos sem a necessidade de imagens.
Ao longo de suas páginas, somos imersos em um labirinto sonoro, onde cada narrativa é uma porta para o passado, repleta de nuances que só a infância pode proporcionar. Benjamin explode a ideia tradicional de transmissão de conhecimento, levantando uma bandeira pela contação de histórias que se adaptam a cada ouvinte, instigando a reflexão sobre como as narrativas moldam nossa identidade. Ao fazer isso, ele não apenas fala às crianças, mas também aos adultos que esqueceram como sonhar, como brincar.
Os comentários dos leitores revelam a polaridade desta obra. Alguns são tomados pela nostalgia, sentindo-se transportados para um tempo em que a simplicidade e a imaginação eram reinos vastos, enquanto outros criticam a complexidade dos conceitos filosóficos que permeiam o texto. Para esses, A Hora das Crianças pode parecer uma viagem "demais" ao abismo poético de Benjamin, um submundo onde os adultos se sentem perdidos.
Um dos pontos mais fascinantes é como Benjamin se apropria da narrativa radiofônica, um formato que, em sua essência, abraça a criatividade. As ondas sonoras podem transformar um relato comum em uma experiência transcendental. Cada história contada é um ato de resistência à frieza do materialismo moderno. Ao propagar essa arte de ouvir, ele nos desafia a reconsiderar o impacto da mídia em nossas vidas, numa época em que a velocidade da informação parece ter eclipsado o valor da reflexão.
O contexto em que Benjamin viveu e escreveu é crucial para entender sua obra. Em tempos de crise, entre guerras e transformações sociais, ele nos oferece uma mensagem de esperança e resiliência, utilizando a rádio, um meio que representava a voz da modernidade, para dar espaço à memória e à imaginação. Este é um grito potente em defesa do que estamos perdendo: a capacidade de sonhar coletivamente.
Você pode sentir o peso das emoções ressoando em cada linha. O livro provoca um ardente FOMO, o medo de perder a essência da humanidade que nos liga. Depois de mergulhar nas páginas de A Hora das Crianças, muitos se encontram repentinamente em uma epifania: a necessidade de reabrir os olhos e ouvir as histórias que os cercam, que muitas vezes passam despercebidas na correria do cotidiano.
Ao final, Walter Benjamin não entrega respostas simples; ao invés disso, ele instiga perguntas que reverberam em nossa alma: o que é realmente importante para nós? E como as narrativas moldam não apenas nossas memórias, mas também nosso futuro? A Hora das Crianças é, portanto, uma obra-prima de reflexão, um chamado à ação para adultos e crianças, um convite para redescobrir, juntos, os contos que nos tornam quem somos. É um livro que permanecerá com você, como uma melodia que ecoa, convidando a todos a darem voz à sua própria história.
📖 A Hora das Crianças: Narrativas Radiofônicas
✍ by Walter Benjamin
🧾 292 páginas
2014
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