A invisibilidade do trabalho escravo doméstico e o afeto como fator de perpetuação
Marcela Rage Pereira
RESENHA

A invisibilidade do trabalho escravo doméstico e o afeto como fator de perpetuação é uma leitura que te pega pela garganta e não solta até que você esteja totalmente imerso nas suas reflexões. Marcela Rage Pereira, com uma coragem de leoa, nos lança em uma análise inquietante onde o cotidiano se transforma em um palco de injustiças gritantes. Aqui, o que é invisível aos olhos da sociedade aparece em um contraste doloroso entre afeto e opressão, fazendo com que cada página seja um choque de realidade.
Neste livro, um verdadeiro manifesto escrito com o coração e a mente, Pereira nos apresenta um labirinto onde o trabalho doméstico escravo se entrelaça com relações afetivas que teorizamos como íntimas e seguras. Ao desvelar essa realidade, ela revela que o amor e a afetividade também podem servir como ferramentas de perpetuação de um sistema cruel. A partir de histórias pautadas em trajetórias reais, sentimentos de empatia e repulsa surgem e nos obrigam a confrontar o nosso papel nesse ciclo vicioso.
O que é mais alarmante é a maneira como a autora nos força a olhar para nossas próprias vidas. Como podemos, nós, que aparentemente nos posicionamos contra a exploração, ainda participar deste jogo perverso? O ato de negligenciar as condições das trabalhadoras que cuidam de nossas casas e de nossas famílias é o que a autora denuncia com precisão cirúrgica. É um grito que ecoa e nos obriga a reconsiderar o que consideramos "normal".
Críticos e leitores se dividem: enquanto alguns celebram a profundidade e a sinceridade da obra, outros a consideram pesada e densa, quase dolorosa demais para um mundo que já carrega tantas desgraças. Contudo, essa "pesadez" não é um obstáculo. É um convite à transformação, um chamado para desmontar as narrativas simplistas que nos confortam nas nossas zonas de conforto.
Os comentários sobre o livro reverberam o impacto que ele causa. Muitos leitores saem desse mergulho sentindo que foram sacudidos até o âmago, prontos para não apenas refletir, mas agir. Discursos variados também surgem: há aqueles que consideram que Pereira conseguiu fazer uma de suas missões - despertar a consciência. Outros já exclamam que a obra toca em feridas expostas da sociedade, tornando-se essencial para entendermos as intersecções de classe, raça e gênero.
A forma como este livro dialoga com o contexto histórico do trabalho escravo no Brasil é de uma relevância indiscutível. Pereira evidencia como a desumanização se perpetua em lares que, em teoria, deveriam ser de acolhimento. Da forma como as relações de poder silenciam gritos de dor e resistência, a história de cada uma dessas mulheres que sustentam não apenas suas vidas, mas também as de outros, ressoa como um eco profundo no nosso presente.
A invisibilidade do trabalho escravo doméstico e o afeto como fator de perpetuação não é apenas um livro; é um grito de guerra, uma convocação à empatia que arrasa com a indiferença. Se você ainda não mergulhou nele, a pergunta é: o que você ainda está esperando? Não deixe essa reflexão sair de sua vida sem antes dar o devido valor à sua essência. A transformação começa aqui.
📖 A invisibilidade do trabalho escravo doméstico e o afeto como fator de perpetuação
✍ by Marcela Rage Pereira
🧾 499 páginas
2022
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