A mulher que matou os peixes
Clarice Lispector
RESENHA

Uma atmosfera intensa percorre as páginas de A mulher que matou os peixes, obra-prima da inigualável Clarice Lispector. Lanterna em punho, somos guiados pelo labirinto interior de uma mulher marcada pela solitude. Cada palavra da autora reverbera como um eco profundo de emoções e questionamentos existenciais que nos fazem refletir sobre os limites da vida, da morte e das escolhas que tomamos.
Neste conto, a protagonista é não apenas uma mulher comum, mas uma figura envolta em um mistério sombrio. A narrativa nos arremessa a um abismo de questionamentos sobre a natureza da culpa e do remorso. Lispector nos provoca a confrontar não apenas suas criações, mas nossos próprios monstros internos. Ao matar os peixes, um ato que pode ser interpretado como um desfecho de algo muito maior-um chamado à reflexão sobre nossos relacionamentos, nossas vontades e a sociedade que nos cerca-ela explode em uma epifania que reverbera na alma.
Os comentários de leitores são tão diversos quanto as emoções despertadas pela obra. Alguns se sentem capturados por uma beleza sombria e intensa, enquanto outros, mais críticos, ponderam sobre a falta de uma resolução clara e a complexidade das ideias que perpassam a narrativa. Isso é Clarice: uma autora que não se limita a agradar, mas desafia o leitor a desbravar seus próprios limites de entendimento e empatia.
A forma poética e introspectiva de Lispector faz com que cada parágrafo seja um convite para adentrar a complexidade da psique humana. Sua prosa é como um filme que se desenrola em câmera lenta, onde cada cena provoca uma sensação palpável de desconforto e beleza. É possível sentir a fragilidade da vida, a efemeridade das nossas ações e, ao mesmo tempo, o peso que elas carregam na construção do ser.
Escrita em um contexto onde a mulher ainda buscava seu espaço em uma sociedade predominantemente patriarcal, essa pequena obra encontrou eco nas vozes femininas que vieram depois de Lispector. Nomes como Hilda Hilst e até mesmo contemporâneas como Mariana Enriquez podem ser vistos como tributárias de um legado que desbravou o território da subjetividade feminina. A influência dela ecoa não apenas na literatura, mas nas lutas por reconhecimento e liberdade das mulheres em diferentes esferas.
Cada leitor que se depara com A mulher que matou os peixes é desafiado a sair da sua zona de conforto, a mergulhar nas profundezas da alma humana e a confrontar a própria mortalidade. O que significa realmente viver? O que fazemos com as nossas escolhas? Lispector não oferece respostas fáceis, mas nos armadilha em suas palavras e nos convida a refletir sobre o abismo do ser.
Portanto, se você ainda não se aventurou pelas páginas moldadas pela genialidade de Clarice, prepare-se para uma experiência quase transcendental. Sua leitura não apenas ilumina a mente, mas também toca o coração-um convite a conectar-se com o que verdadeiramente significa ser humano. 💔✨️
📖 A mulher que matou os peixes
✍ by Clarice Lispector
🧾 48 páginas
2022
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