A vegetariana
Han Kang
RESENHA

A Vegetariana de Han Kang não é apenas um romance; é um grito de resistência em meio à opressão da sociedade contemporânea. A obra mergulha na mente de Yeong-hye, uma mulher comum que, de repente, decide abandonar a carne e, com isso, desencadeia uma série de eventos que desafiam não apenas sua própria existência, mas também a dinâmica familiar e social que a cerca.
Desde o primeiro momento, somos confrontados com a transformação angustiante de Yeong-hye, que recusa a norma estabelecida e se rebela contra o mundo carnívoro ao seu redor. Sua decisão de se tornar vegetariana transcende o simples ato de parar de comer carne; é uma ruptura com o que se espera dela como esposa e membro da sociedade sul-coreana. Ao longo do livro, o que parece ser uma escolha alimentar revela-se uma profunda crítica ao controle social e às expectativas de gênero.
A ambientação de Han Kang é sombria e, ao mesmo tempo, perturbadoramente poética. A prosa é esculpida em sombras, dando vida às nuances da alienação e da incompreensão, tanto por parte de sua família quanto da sociedade. Yeong-hye não é apenas uma personagem; ela é um símbolo de resistência silenciosa, uma figura que, ao romper com o padrão, provoca repulsa e fascínio. Sua escolha desafia não apenas as normas sociais, mas também provoca uma reflexão intensa sobre o que significa realmente ser livre em um mundo que dita cada movimento.
Os personagens que orbitam em torno de Yeong-hye, sua família e seu amante, tentam entender sua decisão, mas em vez disso, revelam suas próprias fragilidades e medos. Cada um deles traz questões de controle, possessão e a natureza do desejo humano. A narrativa, dividida em três partes, permite que o leitor explore diferentes perspectivas, algo que intensifica a sensação de desamparo e a luta pessoal de cada personagem. Isso é o que torna a escrita de Han Kang tão visceral; ela não se limita a contar uma história, mas provoca sentimentos profundos e complicados que ecoam muito após a última página.
A recepção de A Vegetariana foi tão dividida quanto suas temáticas. Muitos leitores ficaram fascinados pela profundidade emocional e pela riqueza simbólica, enquanto outros se sentiram perdidos em um labirinto de sentimentos obscuros e repletos de simbolismos. Críticos elogiaram a habilidade da autora em transitar entre o banal e o transcendental, mas alguns se perguntaram se essa ambiguidade não afastava o público mais amplo.
A obra é uma alegoria contemporânea que questiona o que consideramos ser a normalidade e os limites que a sociedade impõe. Ela te faz refletir: até onde você iria para ser fiel a si mesmo? Seria uma escolha alimentar o suficiente para desestabilizar seu mundo? A mensagem de Han Kang ecoa poderosamente em tempos em que as escolhas individuais são frequentemente subjugadas às normativas sociais.
Ao final, A Vegetariana é uma experiência que transcende a mera leitura. É um convite a questionar, a repensar e, talvez, a se revoltar contra o que se espera de nós. A pergunta que permanece é: você está preparado para enfrentar a sua própria revolução interior? 🌿
📖 A vegetariana
✍ by Han Kang
🧾 176 páginas
2018
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