A velhice que eu habito
Ivone Gebara
RESENHA

Quando a vida se mostra como um labirinto de reflexões e desafios, a obra de Ivone Gebara, A velhice que eu habito, nos arrasta por um universo rico e poético onde a velhice não é um fardo, mas uma instigante oportunidade de autoconhecimento e redescoberta. Neste livro, a autora, uma referência no pensamento feminista e na espiritualidade, oferece um mergulho profundo nas experiências da maturidade, irradiando uma luz suave sobre as sombras que normalmente a cercam.
Gebara, que já se destacou por suas contribuições ao diálogo sobre a condição da mulher e questões ambientais, utiliza sua vasta bagagem para nos conduzir a uma viagem emocional que, ao mesmo tempo, nos abraça e nos confronta. Ao longo de suas páginas, somos compelidos a enxergar a velhice sob uma nova ótica: a de quem já abraçou as cicatrizes da vida e ainda encontra beleza nas imperfeições. Ela revela que é na velhice que as verdades mais profundas emergem, e o que poderia ser encarado como declínio é, na verdade, uma colheita de sabedoria e amor.
Essa obra não apenas dialoga com suas leitoras, mas também as provoca. Como você reage ao envelhecer? Esta pergunta ressoante ecoa nas discussões que Gebara promove. As críticas e elogios dos leitores destacam essa interatividade, onde muitos se sentiram desafiados a refletir sobre o que a velhice realmente significa. Críticas contundentes, por outro lado, alertam para o perigo de romantizar um processo que pode ser repleto de solidão e abandono. Mas talvez seja exatamente essa tensão que torna a leitura tão vital e necessária.
Ao abordar o contexto histórico em que o livro se insere, percebe-se que as questões levantadas por Gebara acontecem em um momento onde a sociedade se vê diante de um envelhecimento populacional intenso. Aqui, o diálogo se expande para além das páginas, tocando questões sociais que afetam milhões. Seu estilo, que combina honestidade brutal e uma prosa envolvente, provoca uma reflexão que nos atinge no fundo da alma. Você não consegue escapar da urgência dessas questões.
Pensa em quem a leitura pode influenciar além da autora. Há quem diga que, ao discutir a velhice e suas complexidades, Gebara abriga a esperança de inspirar mudanças na percepção social a respeito dos idosos. Ela almeja, talvez, que possamos finalmente enxergar a velhice como um tempo de rica experiência e contribuição, rompendo o ciclo de invisibilidade e desinteresse que muitos enfrentam.
Se o que você procura é uma obra que desafie suas concepções, que lhe mostre a profundidade da existência e a beleza da passagem do tempo, A velhice que eu habito deve estar no seu radar. A cada página, você descobre não apenas a história de vieses pessoais de uma mulher, mas a universalidade da luta contra os estigmas da velhice. Um convite a redimensionar o que significa viver - e viver bem - em todas as fases da vida.
Em suma, este livro te obriga a enxergar. E, caso você ignore a mensagem, corre-se o risco de permanecer na superficialidade das vivências. Há uma verdade poderosa a ser explorada nas reflexões de Ivone Gebara, pois a velhice que ela habita não é apenas dela, mas também a nossa. 🌱✨️
📖 A velhice que eu habito
✍ by Ivone Gebara
🧾 115 páginas
2021
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