A vida invisível de Eurídice Gusmão
Martha Batalha
RESENHA

A vida invisível de Eurídice Gusmão te arrasta para um universo intimista e turbulento, onde as paredes da sociedade moldam, mas não definem a essência de uma mulher. Martha Batalha, com sua prosa incisiva, tecerá uma narrativa que ecoa não só dentro de você, mas em todo um Brasil repleto de realidades paralelas, sonhos sufocados e segredos não ditos.
Eurídice, a protagonista, vive em um mundo que a invisibiliza. Criada no seio de uma família tradicional no Rio de Janeiro dos anos 1950, sua trajetória é um espelho de inúmeras mulheres que se perderam na rotina, enquanto a sociedade espera que desempenhem papéis previamente determinados. A vida dessa mulher intrigante, que anseia por liberdade em meio às amarras, se revela de uma forma impressionante. Você perceberá que cada página é uma batida no coração da resistência feminina.
A narrativa não se limita a descrever os eventos; ela faz brotar uma série de emoções, do riso à lágrima, numa montanha-russa que te colocará no lugar de Eurídice. A busca pela própria identidade é retratada com uma sinceridade que ressoa entre as leitoras, tocando as fibras mais íntimas do que significa ser mulher, irmã e mãe em um mundo que ainda prefere o silêncio. A maneira como Batalha recorta o cotidiano e transforma pequenas frustrações em grandes revelações é o que torna a experiência de leitura tão profunda e marcante.
Mas não se engane: a crítica social é feroz. O clichê de uma "vida perfeita" é exposto com brutalidade, e você não conseguirá evitar a reflexão sobre as estruturas que sustentam esse jogo de aparências. Os leitores não hesitam em destacar esse aspecto da obra como um divisor de águas, apontando que A vida invisível de Eurídice Gusmão é, acima de tudo, um manifesto da luta pela voz própria e pelo reconhecimento.
Acompanhar Eurídice é sentir a dor do anseio, a alegria da descoberta e, às vezes, o desespero da exclusão. Leituras críticas não faltam e há opiniões contrastantes sobre o ritmo e a proposta narrativa. Alguns leitores reclamam que a trama se arrasta em certos momentos, enquanto outros celebram essa cadência como um jeito de intensificar a tensão emocional.
Batalha, com seu olhar aguçado, também nos provoca a olhar para nós mesmos. A vida invisível é um grito. Um grito que não quer ser abafado, que busca ecoar na história do país, propondo a todos nós um convite à reflexão. O que fazemos com aqueles que estão à margem? Essa indagação fica reverberando, e não deverá ser ignorada.
Ao final, A vida invisível de Eurídice Gusmão não é apenas uma leitura. É uma porta escancarada para os sentimentos, uma espada afiada contra o conformismo, e um chamado para que a invisibilidade de tantas Eurídices no mundo seja combatida e dissolvida. A literatura, aqui, se revela como um poderoso ato de resistência e uma ferramenta de mudança. Agora, cabe a você decidir: vai ficar na penumbra ou vai se permitir brilhar? ✨️
📖 A vida invisível de Eurídice Gusmão
✍ by Martha Batalha
🧾 210 páginas
2016
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