Abutres me Mordam! Carne podre, alma em decomposição.
Júlia Evangelista
RESENHA

Em Abutres me Mordam! Carne podre, alma em decomposição, a autora Júlia Evangelista nos transporta para um universo visceral e perturbador, onde as emoções são tão cruas que roçam o sobrenatural. A narrativa, envolta em um manto de dor e alucinação, se desenrola diante de nossos olhos como uma pintura macabra, revelando as feridas do ser humano que, muitas vezes, preferimos ignorar. A cada página, somos confrontados com uma realidade que grita por atenção, uma alegoria da decomposição social que nos cerca e que, de certa forma, fazemos parte.
A obra é uma imersão em um mundo onde os "abutres" representam muito mais do que simples aves de rapina; eles simbolizam as forças que nos devoram, não só fisicamente, mas também espiritualmente. É como se Júlia nos empurrasse para o abismo do subconsciente, fazendo-nos encarar nossas próprias fragilidades e medos. Aqui, o terror não é apenas externo, mas reside em cada um de nós, em nossas escolhas e na forma como lidamos com a vida e a morte.
Os comentários dos leitores revelam um espectro de emoções; muitos se sentem profundamente tocados pela intensidade da prosa, enquanto outros se debatem entre a repulsa e a fascinação. Há quem diga que a escrita é tão afiada quanto uma faca, cortando as camadas da consciência até expor a carne viva das questões humanas. As críticas mais severas, por outro lado, apontam para um excesso de crueldade na narrativa, quase como se a autora quisesse nos levar a um estado de reflexão implacável sobre a condição humana.
A jornada de Evangelista não é despretensiosa. Ela nos força a enxergar a sociedade como um organismo em putrefação, onde a indiferença se torna o maior dos males. Nesse sentido, a obra ressoa como um manifesto contra o apático. A dor aqui é um chamado à ação, uma luz que brilha em meio à escuridão para aqueles que têm coragem de olhar.
Nesta obra, a decomposição não se limita ao físico, mas se estende ao emocional e ao social. Através de descrições vívidas, Júlia evoca sentimentos primordiais, nos fazendo sentir a carne podre e o cheiro do que está em estado de decomposição. É impossível ler sem sentir que somos parte de algo muito maior. Quais abutres rondam as nossas próprias vidas? Quais partes de nós mesmo estão apodrecendo em silêncio?
Se você já se viu perdido em um mar de indiferença, se questionou sobre a utilidade de suas lutas ou se sentiu um espectador da própria vida, este livro é um espelho cruel que reflete suas inseguranças e questionamentos. Não se engane, Abutres me Mordam! não é uma leitura que se faz para relaxar; é um convite à introspecção, à dor e, eventualmente, à libertação. Ao final, você pode não sair ileso, mas talvez se sinta um pouco mais consciente de sua própria existência e do papel que desempenha neste teatro grotesco que chamamos de vida.
Numa sociedade obcecada por superficialidades e imagens perfeitas, este livro se destaca como uma obra necessária, um grito de alerta que ressoa como o eco de almas em desespero. E você, caro leitor, terá coragem de se confrontar com os abutres? 🖤
📖 Abutres me Mordam! Carne podre, alma em decomposição.
✍ by Júlia Evangelista
🧾 110 páginas
2021
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