Alegorias Urbanas. O Passado Como Subterfúgio
Susana Gastal
RESENHA

Alegorias Urbanas. O Passado Como Subterfúgio é mais do que um título; é um convite a embrenhar-se nas sombras e luzes das cidades, onde as memórias e narrativas se entrelaçam como as artérias pulsantes de uma metrópole vibrante e caótica. A autora Susana Gastal nos conduz por um labirinto de reflexões, onde cada esquina é um ponto de vista sobre o passado, que se revela não apenas como uma recordação distante, mas como um subterfúgio vital para a compreensão do presente.
Neste trabalho de 224 páginas, a autora explora com maestria a intersecção entre a urbanidade e as histórias que brotam de seus poros. As alegorias urbanas se desdobram em narrativas que não se limitam à mera descrição, mas provocam uma profunda e inquietante reflexão sobre a identidade, a memória e a construção social que define gerações. O que nos faz quem somos? Quais traumas e triunfos se entrelaçam nos elementos do cotidiano que nos cercam? Gastal não se contenta em deixar essas perguntas ao acaso; ela nos força a encará-las de frente, desbravando as feridas abertas e os sussurros de um passado que sussurra constantemente em nossos ouvidos.
Os leitores, em sua maioria, se veem desafiados por essa obra. Alguns a consideram uma viagem intensa pela psique coletiva, enquanto outros se sentem perdidos em uma prosa que, em determinados momentos, se torna densa e até opressiva. A controversa recepção revela a vulnerabilidade da escrita de Gastal - ela não procura agradar, mas instigar, e isso é pura arte. Entre elogios e críticas, ecoa a certeza de que a leitura de Alegorias Urbanas não é para os fracos. É uma experiência quase ritualística, a qual exige entrega.
A obra não se restringe a um único estilo ou gênero, transbordando em metáforas que transformam prédios, ruas e memórias em personagens que dançam no palco da cidade. É um grito de liberdade que berra por reconhecimento em meio a um mundo que frequentemente prefere ignorar as histórias não contadas. O passado, nesse contexto, torna-se um personagem intrigante, uma sombra que nos observa e nos guia ao mesmo tempo.
Ao explorar momentos históricos e sociais que moldaram a paisagem urbana, Gastal também toca em questões contemporâneas que ressoam com o dilema coletivo de muitos brasileiros. A obra não tem medo de abordar as feridas abertas por políticas que segregam, por desigualdades que se perpetuam e por um futuro que, muitas vezes, parece tão nebuloso quanto o passado. O livro provoca uma análise crítica sobre como essas alegorias urbanas se manifestam na vida cotidiana e, principalmente, como elas moldam nossa relação com o espaço e com o outro.
A força dessa leitura está na habilidade da autora de nos fazer sentir - de reviver as alegrias e tristezas impregnadas nas ruas que habitamos. Através de uma prosa rítmica e envolvente, ela nos impele a uma jornada íntima, onde a cidade se transforma em um espelho de nossas vidas, repleta de camadas e nuances para serem exploradas à exaustão.
Ao final, Alegorias Urbanas. O Passado Como Subterfúgio é uma obra que ressoa com quem se atreve a olhar para o que está à sua volta. É um convite a repensar suas próprias ruas, suas próprias alegorias. E, acima de tudo, é um lembrete poderoso de que, por trás de cada cidade, existe uma narrativa pulsante que implora para ser ouvida. Desvendar essa narrativa é, por si só, um ato de coragem e resistência. Você vai realmente perder essa chance de mergulhar nesse universo? 🌆
📖 Alegorias Urbanas. O Passado Como Subterfúgio
✍ by Susana Gastal
🧾 224 páginas
2006
E você? O que acha deste livro? Comente!
#alegorias #urbanas #passado #subterfugio #susana #gastal #SusanaGastal