As lembranças do porvir
Elena Garro
RESENHA

As lembranças do porvir de Elena Garro não é simplesmente um livro: é um portal que desafia a lógica do tempo e espaço, um sopro poético que nos arrasta para os labirintos da memória e da história. Ao folhear suas páginas, você não se torna apenas um leitor; você se torna um viajante entre mundos, onde as lembranças dançam ao ritmo das eras, e cada personagem é uma semente de experiência plantada na terra fértil da consciência coletiva.
Neste envolvente universo, Garro tece com maestria as experiências de sua vida e a rica tapeçaria da cultura mexicana, revelando a luta diária entre o passado e o futuro, entre o individual e o coletivo. O seu estilo é como um rio caudaloso que escava profundos vales emotivos, onde suas palavras são as pedras que reluzem sob a luz da reflexão e da crítica. Você não pode e não deve passar incólume por essa obra que provoca uma avalanche de sentimentos.
Os comentaristas e críticos têm constantemente se dividido ao avaliar esta obra. Para alguns, As lembranças do porvir é um épico, gótico e melancólico, que mergulha na vertigem do tempo e da memória, enquanto outros veem aqui uma confusão narrativa que desafia a paciência do leitor. E é exatamente esse desvio que Garro provoca: ela não busca ser um conforto, mas um desafio. O que você sente enquanto lê é um espelho de suas próprias inquietações.
Garro, muitas vezes eclipsada pelo seu contemporâneo Octavio Paz, aparece como uma sombra poderosa no campo literário, uma voz que clama pela liberdade das narrativas femininas em uma época em que a voz feminina era silenciada. A vida da autora, marcada por reviravoltas políticas e sociais no México, ressoa em cada frase. E ao lermos As lembranças do porvir, não estamos apenas consumindo uma história; estamos participando de um diálogo que ultrapassa gerações.
Neste livro, a realidade é um quebra-cabeça, e cada peça é um fragmento que nos invade com suas cores vivas e aspectos sombrios. As críticas são intensas e evocativas, com leitores expressando que a obra os fez sentir-se impotentes, mas ao mesmo tempo libertos das amarras que prendem a consciência ao mundano. A vida e as lembranças de Garro jorram sobre nós como uma torrente de emoções que nos obriga a confrontar o passado, a dor e a beleza da existência.
O apelo de As lembranças do porvir é quase demoníaco, uma exigência para mergulhar nos abismos das suas páginas e sair renovado, ou não sair de jeito nenhum. É uma montanha-russa emocional, onde o que você realmente encontra é uma reflexão poderosa sobre o que significa lembrar e esquecer. Ao fechar o livro, você não pode deixar de pensar: até onde você está disposto a ir para entender as labaredas do seu próprio ser?
Esta obra é uma viagem de introspecção e descoberta, e, diga-se de passagem, a sua falta poderá ser uma tragédia pessoal. Não se engane: ao ler As lembranças do porvir, você não apenas lê; você vive. E, por tudo isso, o que posso afirmar é que se você deixar este livro passar, do que você realmente está abrindo mão? 🌪
📖 As lembranças do porvir
✍ by Elena Garro
🧾 224 páginas
2021
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