Bartleby, o escrivão
Uma história de Wall Street
Herman Melville
RESENHA

Você está num escritório em Wall Street, a pulsante artéria financeira da América. Mas, espere... algo está fora do lugar. Em meio ao frenesi de papéis, cifras e balanços, há uma figura peculiar que destoa de todo esse dinamismo: Bartleby, o escrivão. Esta é a perturbadora criação de Herman Melville, um autor que transcendeu a literatura com sua visão cortante e inquietante sobre a condição humana.
Bartleby é silencioso, introspectivo, enigmático. Sua famosa recusa - "Preferiria não fazer" - é o emblema de sua resistência passiva, uma voz baixa, mas retumbante, que ecoa nas paredes do escritório. Este não é apenas um conto sobre um homem estranho; é um diagnóstico brutal e penetrante da alienação moderna, da engrenagem cruel que esmaga almas sensíveis no altar da produtividade.
Melville, mais conhecido pela monumental obra 'Moby Dick', escreveu este conto em 1853, quando os Estados Unidos estavam em plena ebulição econômica e social. Wall Street, símbolo de sucesso e triunfo, aqui se transforma em um cenário claustrofóbico, um campo de batalha onde as batalhas não são travadas com espadas, mas com canetas e documentos.
Bartleby é um enigma, um espelho onde se reflete a desumanização do trabalho burocrático. É impossível não sentir uma pontada de compaixão, um nó na garganta, ao ver sua figura frágil definhando em silêncio. A narrativa de Melville nos obriga a confrontar nosso próprio conformismo, nossa incapacidade de enxergar a dor do próximo.
Este conto perturbador influenciou mentes brilhantes, de Franz Kafka a Albert Camus. Sua simplicidade esconde profundezas filosóficas que ressoam até os dias de hoje. É uma obra que te agarra pela alma e não te solta. Bartleby é uma figura trágica, mas também um símbolo de resistência, uma denúncia silenciosa da desumanização que se infiltra sorrateiramente em nossas vidas.
Alguns críticos acusam a obra de ser excessivamente pessimista, uma visão sombria e sem saída da condição humana. Mas é precisamente essa crueza, essa recusa em adoçar a realidade, que torna "Bartleby, o escrivão" tão essencial. Melville não oferece respostas fáceis, mas nos obriga a fazer as perguntas certas.
Ler Bartleby, o escrivão é mergulhar em uma experiência visceral e transformadora. É um conto curto, mas que reverbera de forma avassaladora, desafiando-nos a questionar nossos próprios valores e nossa posição no mundo. Se você busca uma leitura que mexa com suas entranhas, que desafie sua visão de mundo e te faça se sentir vivo - e um pouco desconfortável - este é o livro que você precisa devorar agora! 🌪✨️
📖 Bartleby, o escrivão: Uma história de Wall Street
✍ by Herman Melville
🧾 48 páginas
2017
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