Bartleby, o escrivão
Herman Melville
RESENHA

Não podemos escapar ao surrealismo perturbador que toma corpo em "Bartleby, o escrivão", uma das pérolas subestimadas de Herman Melville. Você está prestes a desbravar um universo onde a rebeldia sutil de um personagem se transforma num tsunami de reflexão e perplexidade.
Melville, conhecido principalmente por "Moby Dick", mergulhou de cabeça na alma humana ao criar Bartleby. Ele nos catapulta para Wall Street, com seus estragos financeiros, mas também com abismos humanos profundíssimos. 📉 O cenário vibrante do capitalismo desenfreado revela o palco perfeito para o escrivão Bartleby desatar nós emocionais que talvez você nem soubesse que existiam dentro de você.
Ah, Bartleby! Ele é um enigma. Ele é cada um de nós quando, cansados da vida, ousamos sussurrar: "Prefiro não fazer". Suas palavras ecoam como marteladas intermitentes, questionando o sistema opressor que nos engole dia após dia. O que você faria se um dos seus empregados um dia simplesmente se recusasse educada, mas inflexivelmente, a realizar suas tarefas? A mínima gentileza de Bartleby é seu ato de insurreição mais devastador.
O conto foi escrito em 1853, em meio à fervilhante Nova York da Revolução Industrial. Melville nos convida a introspecionar sobre nossa própria subserviência silenciosa diante de uma sociedade que, até hoje, muitas vezes, não respeita nossa humanidade. 🌆 As camadas de subjetividade, resistência e impotência presentes nesse texto transformam a curtíssima narrativa em um tremendo soco no estômago.
Auto-compaixão e melancolia vestem Bartleby como uma segunda pele. E quando a narração em primeira pessoa por um advogado sem nome capta a tragédia do escrivão, nos encontramos em um dilema emocional. 😞 Experimentamos um pico de compaixão, um misto de solidariedade e revolta ao ver um ser humano deslizar na espiral da angústia e da indiferença social.
Os ecos permanentes desta obra impactaram muitos. Escritores como Albert Camus e Franz Kafka beberam deste retrato da alienação moderna para forjar suas próprias análises existenciais. 🌱 Kafka, às custas de melancolia e surrealismo amargo, herdou o legado de Melville, enquanto Camus empregou esse pessimismo sutil para investigar nosso senso de propósito.
Você sente a necessidade de fugir das amarras silenciosas sujeitas às expectativas externas? Se prepare para reavaliar cada "obrigação" acolhida sem contestação até hoje. O fio da vida de Bartleby se desenrola lentamente em suas mãos, forçando-o a contemplar as pequenas rebeldias silenciosas como um ato enorme de liberdade ou resignação.
Entre para a legião dos que contemplaram o abismo através dos olhos de Melville e só conseguiram emergir com marés de novos pensamentos e questionamentos. Porque à cada "prefiro não", você redescobrirá um fragmento de sua própria essência, sepultada sob a rotina. Sem dúvida, terminando as últimas páginas, não poderá "preferir" outra coisa se não devorar tudo sobre Melville - porque ele não te abandona tão cedo e te força a olhar no espelho das suas próprias recusas.
📣 Os comentários de leitores são uma aula de paixão e perplexidade. Uns chamam o texto de melancólico, outros de revelador. No fundo, unanimidade: Bartleby não deixa ninguém intacto! Ele despedaça suas ilusões e te dá a chance rara de reerguer-se.
Em um cenário onde cada personagem de Melville grita, sussurra e sepulta suas dores, você perceberá que mesmo preferindo não fazer, no fim, preferimos TEMER à inércia existencial desenhada em cada palavra escrita por esse mestre.
📖 Bartleby, o escrivão
✍ by Herman Melville
🧾 96 páginas
2017
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