Resumo de O cheiro do ralo, de Lourenço Mutarelli

Explore a intrigante crítica à vida urbana em 'O cheiro do ralo'. Descubra como o ralo se torna um poderoso símbolo das frustrações humanas.

Prepare-se para mergulhar na emocionante e, ao mesmo tempo, estranha jornada de O cheiro do ralo, de Lourenço Mutarelli. Aqui, tudo começa com uma espécie de anti-herói que leva a vida com a sutileza de um elefante numa loja de cristais. O protagonista, um artista plástico com um QI elevado e uma vida que mais parece um labirinto de trapos e entulhos, se vê em uma rotina desinteressante e sem graça, cuja única emoção parece vir de um ralo - isso mesmo, o ralo da pia, que se transforma em um símbolo de suas frustrações.

Logo de cara, encontra-se encurralado numa crítica mordaz à vida urbana e suas armadilhas. O ralo é o grande herói (ou vilão?) da história, emanando um cheiro que se infiltra na vida do protagonista como um convidado indesejado. Ao invés de fazer uma faxina, nosso artista decide que o melhor jeito de lidar com isso é observar. E assim, a vida se transforma em um teatro de absurdos, onde cada personagem que passa é uma nova peça do quebra-cabeça existencial que ele tenta montar (ou desmontar).

No desenrolar da trama, ele acaba se envolvendo com personagens tão peculiares quanto ele mesmo. Entra na roda um vendedor de água benta e uma mulher enigmática, que parecem ter saído de um conto de fadas distorcido, e que servem apenas para piorar sua situação, porque, entre nós, quem precisa de mais complicações na vida? O artista tenta articular suas relações, fazendo malabarismos emocionais que dariam inveja a qualquer circo.

Através das páginas, a sensação do ralo se torna quase palpável, e o cheiro... bem, o cheiro é metáfora e realidade ao mesmo tempo. O autor brinca com a ideia de que o cotidiano é cheio de coisas que queremos evitar, mas que, como um ralo obstruído, insistem em vir à tona. É uma crítica ao estado das coisas, um olhar irônico sobre a benção e a maldição de ser humano.

Spoiler alert! À medida que o protagonista mergulha mais fundo na sua própria mente e nos seus delírios (sim, ele tem uns surtos que seriam tema de um podcast de psicologia), ele vê que a fuga é uma ilusão. Afinal, escapar do ralo não vai livrá-lo do cheiro que vem de dentro. O fim da história é um tanto... digamos, desagradável e inesperado. O ralo, que deveria ser o vilão da história, acaba sendo uma representação das nossas próprias mazelas.

Por fim, O cheiro do ralo é mais do que um relato de um artista em crise; é um convite para refletir sobre os cheiros e os ralos da vida. Para quem estava acreditando que este livro seria apenas uma leitura simples, uma pausa no turbilhão do dia a dia, enganou-se: Mutarelli não se segura e arrasta o leitor para um efeito cômico e angustiante ao mesmo tempo. O resultado? Uma mistura de risos e suspiros com o ralo, que, no final, nos faz pensar: será que esse cheiro não é o nosso próprio?

Ana Bia

Resumo clássicos e best-sellers com pitadas de humor e leve deboche. Meu objetivo? Transformar grandes obras em resumos fáceis de entender. Entre capítulos e risadas, faço você se sentir expert na próxima roda de conversa literária.