Resumo de Meretrizes e Doutores. Saber Médico e Prostituição no Rio de Janeiro 1840-1890, de Magali Gouveia Engel
Explore como meretrizes e doutores moldaram o saber médico no Rio de Janeiro entre 1840-1890, em uma análise ousada e reveladora de Magali Gouveia Engel.
domingo, 17 de novembro de 2024
Prepare-se para uma viagem ao passado do Rio de Janeiro entre 1840 e 1890, onde meretrizes e doutores trocavam conhecimentos e talvez até alguns "favorzinhos". Neste livro, a autora Magali Gouveia Engel faz uma análise sociológica que mais parece uma novela mexicana, mas sem os dramas exagerados - ou talvez com alguns, dependendo do ponto de vista.
Primeiro, vamos falar das meretrizes. O que sabemos sobre elas? Ah, claro, que muitas vezes eram vistas como as vilãs da sociedade, mas Engel faz um trabalho digno de Sherlock Holmes para mostrar que essas mulheres eram muito mais do que isso. Elas viviam em um mundo onde a necessidade de sobrevivência se misturava com as regras de uma sociedade tão moralista que daria nó em qualquer cinto. As meretrizes pilhavam seus clientes com charme, astúcia e, claro, alguma ação de marketing pessoal (quem disse que não pode ter técnica na profissão?).
Por outro lado, temos os doutores - e aqui não estamos falando do Dr. House, que salva vidas em episódios com reviravoltas de tirar o fôlego. Engel desvenda como a medicina da época tinha uma relação ambígua com a prostituição, utilizando as meretrizes como verdadeiros cobaia para estudos sobre doenças venéreas. Numa época em que se achava que sífilis e gonorreia eram castigos divinos, essas mulheres enfrentavam a doença e o preconceito com uma coragem que a maioria dos nobres de paletó não tinha.
A obra também destaca a facilidade com que os profissionais de saúde interagiam com as meretrizes, o que mostra que a hipocrisia estava no ar. Os doutores, enquanto prescreviam medicamentos e faziam tratamentos, não se furtavam de aproveitar o que o "mercado" tinha a oferecer. Engel não nos conta detalhes picantes de romances proibidos, mas nos brinda com informações sobre as trocas de saberes e as dinâmicas de poder que envolviam esses encontros.
Uma questão interessante que a autora levanta é o papel da prostituição na construção do saber médico. A partir do olhar profundo e, cá entre nós, um pouco debochado, ela revela como essas mulheres estavam catapultadas em um espaço onde a medicina aprendia a lidar com preconceitos e estigmas. As meretrizes, que eram vistas como os "outros", acabaram se tornando fundamentais para o avanço do conhecimento médico.
Engel também reflete sobre a moralidade que envolvia esses temas, e como tanto as meretrizes quanto os doutores transgrediam normas sociais em busca de liberdade (ou pelo menos um jeito de não morrer com a sífilis). Afinal, quem diria que no século XIX, os bons e velhos dilemas do amor, do desejo e da saúde ainda estariam tão presentes e tão entrelaçados?
Se você está esperando um relato maçante e totalmente acadêmico, pode parar por aqui. Engel usa uma prosa acessível e, por vezes, irônica, que faz com que você pareça estar em um bate-papo entre amigos sobre um tema que, acredite, ainda está muito atual. Ao final, no entanto, prepare-se para a possibilidade de que tudo o que você aprendeu possa fazer você olhar para a história de forma diferente: as meretrizes não eram apenas prostitutas, mas também professoras da vida e da medicina.
E aí, prontos para ver a prostituição sob a ótica da história? Então aqui temos uma obra que, apesar de cobrir temas pesados e, em muitos momentos, tristes, faz questão de mostrar a luta e a força das mulheres que, mesmo relegadas a margens sociais, se tornaram centrais na construção do saber médico. Engenhosamente, Engel nos ensina que, na complexidade das relações humanas, tudo é um grande aprendizado - mesmo que venha do lugar menos esperado.
Ana Bia
Resumo clássicos e best-sellers com pitadas de humor e leve deboche. Meu objetivo? Transformar grandes obras em resumos fáceis de entender. Entre capítulos e risadas, faço você se sentir expert na próxima roda de conversa literária.