Resumo de Comer a barata: a anti-epifania clariciana: Uma tese sobre A paixão segundo G.H., de Maria Edinara Leão Moreira
Entenda a anti-epifania proposta em 'Comer a Barata' de Maria Edinara. Uma reflexão provocante sobre a obra de Clarice Lispector e suas nuances existenciais.
domingo, 17 de novembro de 2024
Se você está pensando que "Comer a barata" é uma receita de cozinha ou um novo reality show da gastronomia, sinto muito em informar que não é bem isso. O livro de Maria Edinara Leão Moreira é uma tese que mergulha nas profundezas da obra de Clarice Lispector, mais especificamente em A paixão segundo G.H. E como toda boa obra da Clarice, prepare-se para reflexões densas e, claro, aquele famoso "quebra-cabeça" que nos faz perguntar: o que diabos está acontecendo aqui?
Primeiro, vamos situar o leitor. A paixão segundo G.H. é uma novelinha que conta a história de uma mulher que, ao entrar no quarto de empregada da casa onde vive, acaba tendo um encontro sinistro e transformador com uma barata. E quem diria que uma barata poderia desencadear uma série de epifanias (ou anti-epifanias, como sugere Maria Edinara), não é mesmo? A autora é especialista em discutir como a literatura de Clarice explora temas existenciais e femininos, enquanto vamos nos perguntando se a barata em questão não era, na verdade, uma mensagem subliminar sobre a vida urbana moderna.
Em sua análise, Maria Edinara articula a ideia de uma anti-epifania. Em vez da revelação convencional e iluminadora que encontramos em muitas narrativas, aqui temos uma experiência de desconstrução total. Ou seja, a protagonista não encontra a luz no fim do túnel. Muito pelo contrário! Ela enfrenta o horror da sua própria existência, naquele típico estilo clariciano de fazer você querer se enfiar debaixo da cama.
Mais adiante, Moreira discute como essa experiência transcende o simples ato de "comer a barata". É uma metáfora sobre aceitação, repulsa e, claro, a profunda busca por significado em um mundo que muitas vezes parece não oferecer nenhum. Você vai perceber que a obra de Clarice é como a barata: muitas pessoas tentam ignorá-la, mas ela sempre aparece em momentos inesperados, fazendo você ter que encarar a realidade que tenta evitar.
A tese de Maria Edinara também aponta a maneira como as relações humanas, intimidade e solidão são passíveis de serem questionadas sob esse novo olhar. É quase como se a autora quisesse dar uma sacudida em sua compreensão de empatia-não apenas com as outras pessoas, mas também com você mesmo e, quem diria: com as baratas. (Maldita se você tiver fobia de insetos, porque a leitura pode ser tão desconfortável quanto um encontro de primeiro grau com um bicho desses).
Ao longo de suas 140 páginas (que não são apenas um devaneio sobre a famosa barata), Comer a barata convida o leitor a refletir sobre a relação entre o horror e a beleza. Afinal, em um mundo onde podemos também ser as baratas, será que há um espaço para a transformação e a aceitação? Ao final, quem consegue sair da camada de repulsa e enxergar a vida? Spoiler: se você não achar essa pergunta angustiante, pode ser um sinal de que ainda precisa ler mais Clarice.
Em resumo (veja bem, o resumo já está acabando!), a obra de Maria Edinara não é apenas uma análise da novela de Clarice, mas um convite para comer a barata, apalpar a existência e finalmente entender que a beleza pode surgir dos lugares mais inesperados, mesmo que seja ao lado de uma praga benjaminiana. Você sairá dessa leitura ponderando sobre o que realmente significa amar, existir e, claro, conviver com as baratas da vida.
Ana Bia
Resumo clássicos e best-sellers com pitadas de humor e leve deboche. Meu objetivo? Transformar grandes obras em resumos fáceis de entender. Entre capítulos e risadas, faço você se sentir expert na próxima roda de conversa literária.