Resumo de João Cabral & Josué de Castro conversam sobre o Recife, de Teresa Sales
Mergulhe na conversa entre João Cabral e Josué de Castro sobre o Recife: uma reflexão poética e crítica sobre a cidade e suas contradições.
domingo, 17 de novembro de 2024
Se você já teve vontade de se sentar com dois gigantes da literatura e das ciências sociais brasileiras, como João Cabral de Melo Neto e Josué de Castro, para discutir, entre goles de café, o que é ser recifense, suas dores, amores e o caos da cidade, este livro é um convite para essa conversa animada. Teresa Sales, a autora, traz à tona uma troca de ideias que, como um bom frevo, se movimenta com paixão e profundidade.
No início, encontramos João Cabral, o poeta que conversava com a morte como se fosse um velho conhecido. Neste livro, ele rabisca suas considerações sobre a paisagem urbana e a cultura do Recife, uma cidade com mais problemas que uma novela mexicana, mas que encanta com a sua beleza singular. Para Cabral, o Recife é uma tela em branco, onde cada traço do cotidiano se transforma em poesia.
Já Josué de Castro, com seu olhar de cientista e de um homem que sabe muito bem sobre as agruras da pobreza, traz à discussão a questão da fome e da desigualdade que assolam a cidade. Ele não tem medo de dizer que muitos recifenses vivem como se estivessem em um eterno carnaval, mas sem a alegria que se espera. Castro insiste que, sem justiça social, o Recife não vai passar de um labirinto de miséria e descaso - ou seja, o tipo de lugar onde, se você vacilar, pode ser engolido por um buraco na calçada ou por um apurado de desigualdade.
Como bons amigos que são, Cabral e Castro fazem uma dança de ideias: o poeta fala sobre o Rio Capibaribe, enquanto o cientista reflete sobre sua poluição. O Recife é amado e, ao mesmo tempo, criticado até o osso por esses dois personagens. Cada um, à sua maneira, tenta encontrar soluções, enquanto nos brinda com uma prosa que alterna entre lirismo e crítica social. Spoiler: a cidade não vai mudar de uma hora para outra, mas a reflexão crítica é um passo importante.
Entre alucinações e reivindicações, as conversas se desdobram, mostrando os contrastes entre as belezas naturais e a realidade social. Aqui, há espaço para questões sobre a identidade do recifense, os aspectos culturais que moldam a cidade e até um pouco da história do lugar que, se não se cura, pelo menos reflete em poesia.
Esta obra é uma verdadeira aula de cidadania, com um toque de tempero e crítica social que fará você se sentir parte dessa conversa, mesmo que só de esguelha. Prepare-se para repensar o Recife, e, quem sabe, se inspirar tanto quanto João Cabral e Josué de Castro, que deixaram suas marcas profundas durante suas vidas e, agora, neste diálogo, continuam a ecoar das páginas do livro.
Se você ama o Recife ou deseja entender um pouco mais sobre essa megalópole cheia de contradições, este livro vale a pena. Mas cuidado, não há como sair dele sem a certeza de que há muito a ser feito. A esperança está sempre presente, mas, como diria Cabral, ela não cai do céu; é preciso trabalhar por isso!
Ana Bia
Resumo clássicos e best-sellers com pitadas de humor e leve deboche. Meu objetivo? Transformar grandes obras em resumos fáceis de entender. Entre capítulos e risadas, faço você se sentir expert na próxima roda de conversa literária.