Resumo de Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago
Explore a profundidade de 'Ensaio sobre a cegueira', onde Saramago revela a fragilidade da civilização através da perda da visão. Uma reflexão poderosa.
domingo, 24 de novembro de 2024
Imagine um mundo onde as pessoas simplesmente perdem a visão de repente. E não só isso, mas a cegueira que surge não é a daquelas histórias de terror que você lê antes de dormir, mas uma cegueira branca, que deixa todo mundo no escuro, mas não tão no escuro quanto aquele seu amigo que não consegue achar a luz da geladeira à noite. Esse é o ponto de partida de Ensaio sobre a cegueira, do magistral José Saramago.
A história começa com um homem, um tal de "primeiro cego", que simplesmente fica sem ver nada no trânsito, e o que era um dia normal logo se transforma em um verdadeiro caos. As pessoas começam a entrar em pânico, como se estivessem em uma partida de futebol péssima, onde a única regra é: todos estão cegos e não sabem onde está a bola. E, adivinhe, a famosa "bola" que todos procuram é a tão almejada conexão humana e a civilização em si.
Nesse bonde da cegueira, a sociedade entra em colapso. A falta de visão traz à tona o que há de pior nas pessoas: conflitos, egoísmo e uma generosa dose de barbárie. É como se a civilização, que estava equilibrada na beira do abismo, finalmente decidisse se jogar de cabeça. Saramago capricha na crítica social, mostrando que sabemos muito bem como ser racionais, desde que não tenhamos que lidar com a falta de visão - se me entende.
A protagonista da história, uma mulher que se destaca em meio ao caos devido à sua visão preservada (sim, tem uma pessoa não cega, um verdadeiro unicórnio nesse mar de cegueira), se torna a voz da razão. Ela tenta manter alguma ordem em meio ao surto, enquanto todos os outros estão ocupados em garantir que o fim do mundo não seja apenas uma metáfora. Porém, o que parece uma luta entre o bem e o mal logo se transforma em uma luta pela sobrevivência.
Os "cegos" se dividem em grupos, se aglomeram e brigam pela comida e pela própria vida, como se fossem uma versão muito mais dramática de Big Brother. Pode imaginar? A luta pelo último pacote de bolachas poderia render algumas boas risadas, mas Saramago não está aqui para contar piadas - o autor explora a fragilidade das relações humanas e o que acontece quando a civilização é colocada à prova.
Ao longo do livro, conhecemos uma série de personagens, cada um representando um aspecto da sociedade. Desde pessoas altruístas até as que ficam mais egoístas que um gato que não gosta de dividir seu espaço na cama, todos eles nos fazem refletir sobre o que é essencial para a vida e o que pode se perder quando enfrentamos a escuridão.
E, claro, como toda boa história, há um desfecho que fede a ironia e a reflexão. (Atenção, aqui vem o spoiler!): no final, a cegueira é curada, mas será que as pessoas realmente enxergam? É como se Saramago dissesse: "Você pode ver, mas será que enxerga?"
Ensaio sobre a cegueira nos faz perguntar até que ponto somos humanos e solidários, e se a cegueira não é, na verdade, uma condição que muitos de nós vivemos diariamente. No fim das contas, talvez o autor esteja nos dizendo que, por mais que enxerguemos, não podemos nos esquecer de ver o que realmente importa. Assim, entre uma crítica social e uma reflexão profunda, Saramago entrega-nos uma obra que é, no mínimo, um tapa na cara com uma luva de pelica.
Ana Bia
Resumo clássicos e best-sellers com pitadas de humor e leve deboche. Meu objetivo? Transformar grandes obras em resumos fáceis de entender. Entre capítulos e risadas, faço você se sentir expert na próxima roda de conversa literária.