Canudos
Diário de uma expedição 134
Euclides da Cunha
RESENHA
Canudos: Diário de uma expedição é mais do que um relato histórico; é um grito profundo da alma nordestina, um convite para mergulhar nas feridas abertas da guerra, da cultura e da identidade. ⛈️ Ao abrir as páginas desta obra, você é tragado para o tumulto do sertão baiano, onde a luta pela sobrevivência ecoa tanto no passado quanto no presente. Escrito por Euclides da Cunha, este diário não se limita a narrar uma expedição militar; é um retrato vívido das contradições brasileiras, onde o fanatismo e a miséria se entrelaçam em uma dança macabra.
Através da prosa apaixonada e incisiva de Euclides, sentimos a poeira do sertão acessando nossas narinas, quase como se pudéssemos ouvir os gritos de um povo que se recusa a ser silenciado. O autor, um dos mais importantes intelectuais do Brasil, não se contenta em ser apenas um observador; ele se transforma em um personagem, sentindo as dores e as esperanças de Canudos como uma extensão de si mesmo. Essa obra, escrita na virada do século XIX para o XX, revela o embate entre a civilização e a barbárie, um conceito que ainda ressoa nos dias de hoje.
Os leitores são desafiados a confrontar suas próprias percepções sobre o "Outros". A comunidade de Canudos, liderada por Antonio Conselheiro, é apresentada não como uma seita obscura, mas como um povo que busca dignidade em meio ao descaso do governo e à opressão socioeconômica. Mesmo em meio à violência, o autor revela uma humanidade que transcende rancores e preconceitos.
As opiniões sobre a obra são polarizadas. Muitos aclamam a sensibilidade e o brilhantismo na análise sociocultural que Euclides oferece, enquanto críticos a acusam de ser um relato tendencioso, impregnado de elitismo. 🧐 Há quem diga que o autor romanticiza a figura do Conselheiro, transformando-o em um mártir. Mas será que não é isso que faz da obra uma leitura tão poderosa? Ela se recusa a dar respostas fáceis, instigando discussões que atravessam gerações. Esse embate de ideias faz com que você, leitor, questione suas próprias crenças, alimentando-se do choque de realidades.
Mais do que um diário, Canudos é um chamado à empatia. Ao terminar a leitura, a sensação é de que partilhamos algo sagrado: um pedaço da memória coletiva de um povo que deu uma aula de resistência. Euclides da Cunha, com sua pena afiada, nos leva a repensar o conceito de "civilização" e o que realmente significa ser parte de uma nação. Neste mundo de superficialidades, a obra te obriga a mergulhar em questionamentos profundos sobre a identidade, a fé e o papel do estado na vida de seus cidadãos.
Não deixe que a história se repita sem que você a conheça. Canudos: Diário de uma expedição é uma obra que não permite indiferença. É um convite para que, juntos, possamos revisitar e refletir sobre um passado que é também um presente inquietante. Ao ler, você se torna parte de uma história que, embora carregada de dor, é também uma celebração da fúria de um povo. 🌪✨️
📖 Canudos: Diário de uma expedição: 134
✍ by Euclides da Cunha
🧾 184 páginas
2013
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