Coleções e expedições vigiadas
Os etnólogos no conselho de fiscalização das expedições artísticas e científicas no Brasil
Luis Donisete e Benzi Grupioni
RESENHA

A obra Coleções e expedições vigiadas transcende o mero registro de práticas etnológicas, mergulhando no âmago de uma Era onde a curiosidade e a fiscalização dançavam um tango complexo no Brasil. Luis Donisete e Benzi Grupioni nos conduzem por um labirinto intrínseco, repleto de nuances e contradições, revelando como o olhar do etnólogo se mescla com a urgência da supervisão estatal nas expedições artísticas e científicas.
Nesse caleidoscópio cultural, os autores não apenas traçam um retrato histórico; eles desnudam os bastidores de um saber que muitas vezes se pretende neutro, mas que, na verdade, é intrinsecamente político. A disciplina da etnologia, à época, não era só sobre a coleta de dados - era teatro. O palco? O vasto Brasil, repleto de suas etnias, cada uma carregando os ecos de milênios. O que a obra provoca em você, leitor, é uma profunda reflexão sobre a responsabilidade ética da ciência, e sobre como ela se insere em um contexto onde os agentes do Estado são, simultaneamente, guardiões e opressores.
Sob o olhar clínico dos autores, a fiscalização se revela como uma espada de dois gumes, trazendo à tona um dilema: até que ponto o controle sobre as expedições serve à preservação do saber? Ou se transforma, em última instância, em um instrumento de exploração? As páginas fervilham com a coragem de denunciar essas tensões, enquanto nos desafiam a reconsiderar a origem e o destino da informação produzida.
As reações dos leitores são um painel e tanto. Muitos exultam em descobrir as intricadas relações de poder que moldaram a etnologia brasileira, elogiando a capacidade dos autores em entrelaçar teoria e prática. Outros, contudo, se sentem inquietos, incomodados com a crueza das verdades expostas - uma lembrança visceral de que a história é, muitas vezes, mais contundente que a ficção.
Esse compilado fascinante é um chamado para que não apenas conheçamos, mas que também tenhamos consciência crítica das narrativas que nos cercam. O mundo das expedições, revelado por Donisete e Grupioni, torna-se um espelho onde se refletem as falhas da antropologia, das ciências sociais e da própria sociedade. Ao final, você se verá confrontado com questões que vão além do livro; questões que reverberam em tempos de desinformação e manipulação dos fatos.
Saber é poder. E ao absorver a densidade de Coleções e expedições vigiadas, você adquire não apenas conhecimento, mas também uma capacidade de olhar além da superfície. A visão crítica e inspiradora dos autores vai fazer você se perguntar: o que realmente conhecemos das expedições que moldam a nossa cultura e identidade? A resposta pode ser mais perturbadora do que você imagina. 🌍💥
📖 Coleções e expedições vigiadas: Os etnólogos no conselho de fiscalização das expedições artísticas e científicas no Brasil
✍ by Luis Donisete e Benzi Grupioni
🧾 434 páginas
1997
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