Como me tornei freira
Seguido de A costureira e o vento
César Aira
RESENHA

Como me tornei freira: Seguido de A costureira e o vento é uma obra que se desdobra entre o real e o imaginário, um convite a mergulhar na mente labiríntica de César Aira. Nele, somos arrastados por uma narrativa que transpira uma inquietude criativa, onde cada palavra parece pulsar com a intensidade de um coração acelerado. O autor, já conhecido por sua prosa singular, explora o absurdo e o cotidiano de maneira brilhante, fazendo com que cada parágrafo pareça um novo recomeço, repleto de possibilidades.
Nesse livro, Aira apresenta a história de um jovem que deseja se tornar freira. O que poderia ser um simples relato de fé, rapidamente se transforma em uma complexa trama de autodescoberta e reflexões sobre identidade, o papel da religião e a busca por um sentido em meio ao caos da vida moderna. É um verdadeiro mergulho em questões existenciais que ressoam profundamente em nossos dias, onde a busca por propósito é uma constante.
Ao longo das páginas, o leitor é convidado a passear por cenários inusitados que vão desde conventos até as linhas de confecção, tudo isso entrelaçado por uma prosa que desafia a lógica convencional. Aira, com seu estilo irreverente e muitas vezes debochado, provoca risadas e reflexões, levando-nos a questionar não apenas a história que lemos, mas também a própria narrativa de nossas vidas.
Os ecos de "A costureira e o vento", que complementa essa obra, convidam à poesia do cotidiano. Aqui, o autor traz à tona a importância de histórias aparentemente banais, revelando a beleza nas pequenas coisas. As costuras de uma vida comum se entrelaçam com as brisas do vento, como se nossas experiências fossem um mosaico de escolhas, acasos e destinos.
Mas não são só elogios que o livro recebe. Muitos leitores se mostram perplexos com a estrutura não-linear de Aira e a forma como ele brinca com a realidade. As opiniões são polarizadas: enquanto alguns se encantam com sua ousadia, outros criticam a falta de uma narrativa mais tradicional e coesa. Essa dualidade de reações reflete a própria complexidade da vida, onde amor e aversão coexistem, disputando espaço no coração do leitor.
César Aira não é apenas um contador de histórias, mas um verdadeiro maestro que orquestra percepções. Sua obra se desdobra em camadas, fazendo com que cada leitura seja uma nova experiência. Não se pode simplesmente ler Como me tornei freira: Seguido de A costureira e o vento; é preciso vivê-lo, sentir a vibração de suas frases, deixar-se conduzir pelas reviravoltas de um enredo que desafia a lógica. É um chamado à aventura literária que não se pode ignorar.
Neste jogo de palavras e preconceitos, Aira nos ensina a abraçar o desconforto e a incerteza. Ao ler, você não está apenas absorvendo uma história; você se vê confrontado com suas próprias escolhas, com as costuras que moldam sua própria vida. E assim, tão avassalador e libertador, o autor nos convida a refletir: será que estamos prontos para nos tornarmos aquilo que desejamos?
📖 Como me tornei freira: Seguido de A costureira e o vento
✍ by César Aira
🧾 256 páginas
2013
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