Como se estivéssemos em palimpsesto de putas
Elvira Vigna
RESENHA

A provocação está no título: Como se estivéssemos em palimpsesto de putas. Este não é apenas um livro; é uma porta aberta para a mente inquieta de Elvira Vigna, que tece uma tapeçaria de emoções, críticas e reflexões profundas sobre a sexualidade e a condição humana. Ao adentrar nesse universo, você se vê emaranhado em histórias que desafiam normas e provocam uma reflexão intensa sobre o que é ser mulher na sociedade contemporânea.
Vigna, uma das vozes mais audaciosas da literatura brasileira, explora a complexidade das relações humanas e o desejo desenfreado que permeia a vida de suas personagens. A obra é um convite a um mergulho visceral, onde o leitor não pode evitar sentir a ardência das experiências narradas. É como se você estivesse caminhando ao lado de suas protagonistas, sentindo a angústia, a libertação e a busca incessante por identidade em um mundo que frequentemente as marginaliza.
O palimpsesto, essa metáfora poderosa que Vigna utiliza, evoca a ideia de camadas - as vivências de cada mulher são um sobre o outro, revelando, encobrindo, transformando. A linguagem é crua, poética, e muitas vezes desafiadora. O que perpassa as páginas não é apenas a história de mulheres em busca de prazer, mas a luta por reconhecimento e pela liberdade de ser quem verdadeiramente são. As críticas que surgem nas redes sociais e em análises literárias apontam para a audácia da autora em não suavizar a realidade; pelo contrário, ela a desnuda, desafiando o leitor a confrontar suas próprias concepções sobre a sexualidade.
Alguns leitores celebram a forma como Vigna dá voz a personagens femininas multifacetadas, enquanto outros a acusam de ser excessivamente provocativa. Essa polarização é parte do encanto da obra. A autora não se importa se você a ama ou odeia; ela quer que você sinta. E isso, meu caro leitor, é o que faz a literatura realmente transcender.
Estamos diante de um momento histórico onde debates sobre feminismo, liberdade sexual e as complexidades do afeto estão em alta, e Como se estivéssemos em palimpsesto de putas se torna um farol para essas discussões. Ao folhear suas páginas, você é desafiado a reavaliar não apenas a experiência feminina, mas também sua própria percepção de amor e desejo. O riso, a vergonha, a raiva e a liberdade se entrelaçam, e você se vê exposto a uma jornada emocional que pode, a princípio, causar desconforto, mas que é indiscutivelmente necessária.
Essa obra não é um mero entretenimento; é um manifesto literário que incita mudanças. A cada capítulo, cada virada de página, a angustiante sensação de estar diante de algo maior do que você mesmo se torna palpável. E, assim, você se vê capturado nesse palimpsesto, onde cada camada revela não apenas a história das "putas", mas a sua própria história, as suas próprias camadas, sedimentadas ao longo dos anos.
Vigna nos faz lembrar que a literatura é uma arma poderosa, capaz de abrir feridas e curar ao mesmo tempo. O que você decidir fazer com essa experiência é somente seu, mas não se engane: ficar indiferente não é uma opção.
📖 Como se estivéssemos em palimpsesto de putas
✍ by Elvira Vigna
🧾 216 páginas
2016
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