De sonhar também se vive...

Giselda Laporta Nicolelis

Se há uma leitura que promete mudar seu jeito de ver o mundo em apenas 88 páginas, este livro é "De sonhar também se vive...". Giselda Laporta Nicolelis nos envolve numa teia de realidades tão profundas e arrebatadoras que faz qualquer resmungão desesperançado questionar se a vida ali fora não guarda mesmo um quê de magia oculta.

Nicolelis, possuidora de um coração transitando entre as realidades fria e calorosa da existência humana, nos transporta para lugares que, aparentemente, só existem dentro de nós. E você, caro leitor, já admitiu quantas vezes fugiu para reviver seus sonhos mais daora no cotidiano pra vencer o mundano? Pois bem, a brava autora parece traçar esse mesmo traje para nossas almas fatigadas.

Cada página é uma ode aos sonhos que guardamos na memória. O medo do desconhecido fica em segundo plano, mergulhando em emoções que poderiam ter nascido de suas aventuras da infância. O que tinha naquele canto secreto da sua rua? Consigo sentir aquele frio na barriga? Cada parágrafo reverbera como um grito de liberdade, um estonteante chamado a sonhar não apenas enquanto descansamos, mas enquanto engatinhamos na nossa jornada diária, mesmo em meio ao mais rigoroso dos ritmos.

Giselda tem uma habilidade incomensurável de pegar seu coração e apertá-lo com ternura, nos obrigando a revisitar as aspirações adormecidas - aquelas que guardamos com tanto carinho e medo. Ela embaralha a estrutura linear do tempo, nos arremessa entre nostalgias e promessas de futuros utópicos. Incendiamos, espere, renascemos como a Fênix das cinzas do pragmatismo.

O livro desfila entre a estética poética e a maestria narrativa. Mandar mais meia dúzia de "sabores narrativos" seria mera banalidade, pois a autora transcende os gêneros e rótulos. Há certas críticas resplandecentes, alianças com buscas espirituais na onda de ikigais da vida ou empuxos lisérgicos. Laporta Nicolelis aponta para o prodígio escondido na mesmice, e se arrisca a desmistificar o imutável: descortinar a beleza enclausurada que muitos julgam um tedioso clichê.

Quer uma pitada do contexto histórico? Enquanto muitos faziam pouco caso dos sonhos no início de 2019, a onda surrealista e reminiscente, por Nicolelis, clamava onde inquietude metropolita e os devaneios bucolizados se uniam em cordel. As críticas são, por vezes, ferozes, clamando certo didatismo e utopia, mas os mais acalorados defensores garantem o elixir lírico.

Então fecho tua resignação, entrega-te aos efêmeros anseios de uma siesta que toma vida pela manhã! Alexia, Joana e muitos outros te aguardam para forjar memórias envoltas na névoa do universo paradoxal e onusto de esperança, risos solitários e um mosaico de compaixão transata. Quando ler estas emoções pinceladas, essas águas fluem - seus sonhos estavam guardados e a vida, quem diria, chamando-te para uma valsa!

Joguei fora a isenção: 🌟. Entre no círculo, se apaixone como se fosse a primeira vez...leve consigo esse dicionário gratificante de emoções eternas. Embarca nesta letra mágica até a centelha final do pôr do sol.

📖 De sonhar também se vive...

✍ by Giselda Laporta Nicolelis

🧾 88 páginas

2019

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