Deus não protege os certinhos
E outros minicontos impuros
José Eduardo Degrazia
RESENHA

Deus não protege os certinhos: E outros minicontos impuros não é uma leitura qualquer; é uma experiência visceral que te força a resgatar os recantos mais obscuros da condição humana. José Eduardo Degrazia nos conduz por um labirinto de minicontos que, como flechas envenenadas, atingem o centro do nosso ser. Aqui, a "certidão de bom comportamento" não vale nada. O autor nos convida a mergulhar em narrativas cruéis, provocativas, que nos fazem rir e chorar ao mesmo tempo. Quem pode ainda dizer que está imune às armadilhas da vida?
Com uma prosa afiada e incisiva, Degrazia não apenas menciona a imperfeição; ele a celebra. Cada miniconto apresenta figuras arquetípicas - pessoas comuns, com dilemas extraordinários. Os personagens vivem dramas que são espelhos, refletindo verdades desconfortáveis sobre nós mesmos. Você se vê ali, entre um riso nervoso e uma onda de compaixão. É a beleza da fragilidade humana exposta sem pudores.
O contexto em que este livro é situado é crucial. Publicado em um período em que a honestidade se torna cada vez mais rara e o cerceamento da liberdade de expressão se faz sentir, os minicontos de Degrazia alçam voos audaciosos. Eles confrontam a hipocrisia da moralidade moderna, lembrando-nos que a vida não é um conto de fadas. O que você faz quando os "certinhos" morrem e os impuros, mesmo com suas falhas, sobem ao palco do cotidiano, talvez só para ridicularizar suas existências?
Os leitores não se contêm: "Sarcástico e genial!", exclama um; "Uma crítica poderosa à sociedade atual", pondera outro. No entanto, há também quem não goste da forma direta e implacável que Degrazia utiliza para desmascarar o que há de mais detestável na convivência humana. O polarizador se torna evidente: a obra não tem medo de cutucar feridas profundas, mesmo que isso doa. É este paradoxo que a torna tão irresistível - e necessária.
Cada miniconto pode ser uma explosão de emoções ou uma reflexão silenciada. Eles prometem um choque de realidade que pode ser exatamente o que você precisa. O riso é rápido, mas o silêncio após a leitura é profundo. O que fica, então? Fica a reflexão sobre o que é ser "certinho" em um mundo repleto de imperfeições.
Ao adentrar as páginas de Deus não protege os certinhos: E outros minicontos impuros, você não só lê, você absorve, você sofre, você ri. Ao final, talvez você esteja mais inclinado a abraçar suas imperfeições com um sorriso no rosto e uma ferida na alma. É nessa busca pela humanidade que você descobrirá que o autor não te protege, mas te liberta.
📖 Deus não protege os certinhos: E outros minicontos impuros
✍ by José Eduardo Degrazia
🧾 104 páginas
2020
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