Diário de repartição
Souza Gomes
RESENHA

No frenesi cotidiano das repartições públicas, em meio ao vai-e-vem de papéis e burocracias, Diário de Repartição emerge como um retrato crudo e brilhante da vida nas entranhas do serviço público brasileiro. A obra de Souza Gomes não se limita a ser um relato; é um convite à reflexão profunda sobre o cotidiano daqueles que tecem a máquina estatal, com suas frustrações e conquistas.
Cada página é uma janela aberta para a alma humana, repleta de dilemas morais e emocionais que transbordam nas relações interpessoais. Aqui, o autor aponta o dedo para a formalidade impessoal do serviço público, revelando um universo onde o absurdo se torna norma e o riso é muitas vezes a única tábua de salvação. Os personagens são vívidos, dotados de uma humanidade que atravessa a tinta da impressão e toca o leitor em suas fragilidades e aspirações.
Os relatos, embora enraizados em um contexto específico, reverberam verdades universais sobre o ser humano. O cotidiano desgastante do trabalho se transforma em uma jornada de autoconhecimento, onde a repetição das mesmas tarefas revela não apenas as mazelas de um sistema, mas também a resiliência dos que nele operam. O autor habilmente empilha situações dignas de um absurdo kafkiano, levando o leitor a questionar até que ponto a burocracia é capaz de engolir os sonhos e anseios de quem apenas busca um propósito, seja na vida pública ou privada.
As opiniões de leitores sobre Diário de Repartição são um microcosmo das emoções que a obra provoca. Há aqueles que aplaudem a sinceridade e a crítica mordaz, enquanto outros sinalizam a sensação de desconforto diante de verdades que prefeririam ignorar. As críticas não faltam; muitos apontam a falta de uma narrativa linear mais convencional como um obstáculo à leitura. Contudo, é exatamente nessa fragmentação que reside a força do texto, que reflete a desordem do universo que pretende retratar.
Souza Gomes, com seu estilo provocador e irreverente, não hesita em rasgar o véu da complacência. Através de um humor ácido e uma prosa enérgica, ele nos obriga a encarar um espelho que reflete não só a repartição pública, mas a sociedade como um todo. É uma leitura que poderia gerar debates acalorados entre aqueles que se sentem confortáveis na zona de conforto e aqueles que buscam desbravar novos horizontes.
Ao final, Diário de Repartição é mais do que um simples compêndio de experiências; é um grito de alerta. É a voz coletiva daqueles que operam nas sombras do sistema, revelando as fraquezas e as virtudes de um espaço muitas vezes esquecido. Há uma sensação palpável de urgência em suas páginas, uma lembrança de que a mudança começa não nas grandes reformas, mas nas pequenas ações de cada um de nós. Se você ainda não leu, está perdendo a oportunidade de confrontar não apenas o mundo da burocracia, mas também a si mesmo. Não fique à margem da discussão; entre na arena! 🌪✨️
📖 Diário de repartição
✍ by Souza Gomes
🧾 322 páginas
2022
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