Do desafinado eu tirei o dó
Ana Paula Seixlack
RESENHA

Na obra Do desafinado eu tirei o dó, Ana Paula Seixlack nos leva por uma jornada emocional que, sob a aparência da leveza, revela profundezas escondidas da experiência humana. Aqui, o olhar sensível da autora sobre a vida, a música e as relações interpessoais se entrelaçam de maneira visceral, instigando-nos a refletir sobre nossas próprias melodias e dissonâncias. Os personagens, recheados de nuances e fragilidades, são como notas soltas em uma partitura mais complexa, buscando harmonia em um mundo repleto de desafios e descompassos.
O leitor é imediatamente abraçado pela autenticidade das emoções que permeiam as páginas. Através de uma prosa envolvente, Seixlack nos apresenta figuras que, apesar de suas imperfeições, emanam uma beleza única. É como se a própria autora segurasse um violão e, em vez de executar acordes perfeitos, nos brindasse com a singularidade do desafinado, fazendo-nos sentir a ressonância de suas experiências. Cada capítulo ressoa com o eco das vivências que, embora dolorosas, servem como um bálsamo para o coração. E é nesta fragilidade que a força da narrativa se destaca, mostrando que as imperfeições são, na verdade, o que nos une.
Nesse sentido, o papel da música - tão caro à autora - é um fio condutor. Em muitas passagens, Seixlack utiliza referências musicais que são mais do que meras citações; elas funcionam como âncoras emocionais, levando o leitor a momentos de intensa identificação e introspecção. O dilema entre o que se deseja e o que se vive é abordado de forma corajosa, fazendo do livro um convite para revisitar nossas próprias canções íntimas. Como leitores, somos praticamente compelidos a avaliar em que nota estamos desafinados e como podemos encontrar a tão almejada harmonia.
Entretanto, reações a essa obra não são unânimes. Alguns leitores expressam sua insatisfação, alegando que a prosa é por vezes excessivamente poética, tornando a imersão desafiadora. Outros, entretanto, celebram esta ousadia, afirmando que cada trecho é como uma composição rica, cheia de camadas que vão se revelando a cada nova leitura. Essa divergência é um testemunho do poder provocador do texto, que não se contenta em ser uma simples leitura ao passar, mas sim uma experiência que desafia o leitor a olhar para dentro de si mesmo.
Ao adentrar em Do desafinado eu tirei o dó, a sensação é a de estar em um recital onde cada nota evoca memórias, questionamentos e, acima de tudo, a busca por compreensão e empatia. Seixlack emerge como uma virtuose que, com maestria, transforma as desarmonias da vida em melodias tocantes. Sua força reside no fato de que, longe de promover soluções simplistas, ela nos faz sentir a complexidade dos relacionamentos e os desafios pessoais de forma visceral. A reflexão que surge após a leitura é uma catártica mistura de ansiedade e esperança - um alerta para buscarmos nossa própria música, mesmo que desafinada. 🎶
Em suma, é uma obra que ressoa em nossas almas como um eco persistente, nos desafiando a tocar as notas que muitas vezes hesitamos em tocar. O que fica é a certeza de que, mesmo no desafinado, há um inegável poder transformador.
📖 Do desafinado eu tirei o dó
✍ by Ana Paula Seixlack
🧾 259 páginas
2019
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