Dom Casmurro
Machado De Assis
RESENHA

Dom Casmurro, obra-prima de Machado de Assis, não é apenas a história de um amor desfeito; é um passeio pelas intricadas teias da dúvida e da traição que permeiam as relações humanas. Lançado na segunda metade do século XIX, quando o Brasil ainda se debatia entre os resquícios da monarquia e os ventos da modernidade, este livro é mais relevante do que nunca.
No centro do enredo, temos Bentinho, um narrador que se torna um enigma por si só. Ao longo da narrativa, ele nos conduz por suas memórias, repletas de nostalgia e insegurança, em busca de respostas sobre a fidelidade de sua amada, Capitu. A beleza de Capitu, com seus "olhos de ressaca", não é apenas um elemento estético, mas um símbolo da complexidade da natureza humana - a traição pode ser uma miragem, assim como o amor, e Assis, com sua prosa afiadas, nos desafia a questionar até onde vamos para proteger nossas ilusões.
Essa dúvida amarga que permeia Dom Casmurro leva o leitor a um estado de constante reflexão. O que é a verdade se não uma construção pessoal, sujeita a interpretações e distorções? As opiniões sobre a obra são tão variadas quanto os personagens que a habitam. Algumas críticas aplaudem a genialidade de Assis em criar uma atmosfera de incerteza, enquanto outras questionam a narrativa em primeira pessoa, acusando Bentinho de ser um narrador não confiável. Afinal, quem pode afirmar com certeza o que se passou entre ele e Capitu? 😰
A genialidade de Machado, no entanto, brilha em sua capacidade de levar o leitor a uma montanha-russa emocional. Você sente a traição, a dor, o arrependimento, e, por que não, a paranoia de Bentinho. Em um Brasil que ainda se moldava, suas palavras desencadeiam uma reflexão profunda sobre a moralidade, a justiça e o papel do destino na vida de cada um. O autor não se limita a contar uma história; ele provoca uma análise das relações sociais, do machismo e dos preconceitos da época, que ainda ecoam no presente.
O cenário pantanoso da narrativa, onde a dúvida se torna um personagem à parte, transforma a obra em um microcosmo dos conflitos da sociedade brasileira do século XIX. Machado de Assis, um dos maiores gênios da literatura mundial, já prenunciava a fragmentação da identidade em um mundo em transformação. A partir de sua própria experiência como filho de uma família de origem humilde, ele nos oferece um retrato vívido de sua época, ao mesmo tempo que toca nas feridas universais da alma humana.
Mas não se engane, em Dom Casmurro, a traição pode ser uma miragem, uma projeção das inseguranças de Bentinho, um espelho que reflete a sua própria incapacidade de amar. Os leitores, em resposta a essa obra poderosa, têm se mostrado divididos: alguns se encantam com a sutileza do texto, outros se indignam com as nuances da traição e da desconfiança.
Se você ainda não mergulhou nas páginas desta obra, está perdendo a chance de sentir na pele a intensidade das emoções humanas. Dom Casmurro não é uma simples leitura; é um convite para entrar em um labirinto onde cada esquina oferece uma nova perspectiva, um novo questionamento. 🌀
Ao final, a pergunta que fica é: até onde você iria para proteger a sua verdade? O que você está disposto a sacrificar por amor, e o quanto de si mesmo você está disposto a perder para descobrir a verdade? Se essas questões te fascinam, não hesite. O universo de Dom Casmurro te espera, e, assim como Bentinho, talvez você encontre mais perguntas do que respostas. 🌪
📖 Dom Casmurro
✍ by Machado De Assis
🧾 266 páginas
2017
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