É sempre a hora da nossa morte amém

Mariana Salomão Carrara

A contemplação da morte, essa inevitável companheira de jornada, é o que Mariana Salomão Carrara se atreve a explorar em É sempre a hora da nossa morte amém. Desde o primeiro toque nas páginas deste livro, você é arremessado a um labirinto de reflexões profundas e perturbações existenciais. A obra não se limita a discutir a morte como um evento final; ela mergulha na vida, nas relações, no efêmero que compõe a essência da nossa experiência humana.

Carrara, com uma prosa visceral, nos convida a confrontar aquilo que frequentemente somos levados a ignorar. Ela discorre sobre a fragilidade da vida com uma sutileza que provoca arrepios e um turbilhão emocional quase palpável. É como se cada palavra fosse um lembrete incômodo de que cada dia é uma dádiva, mas também um passo mais próximo do fim. O que você vai fazer com isso? A autora te obriga a refletir.

As vozes que ecoam nas páginas são plurais e apaixonadas. Memórias, anseios e o peso do que não foi dito entre os vivos se entrelaçam, criando um tecido emocional riquíssimo. Há quem descreva a leitura como uma experiência quase catártica, capaz de provocar risos e lágrimas na mesma quantidade. Outras reações, mais contidas, ressaltam um incomodo, uma resistência que muitas vezes sentimos ao encarar a verdade nua e crua: a morte não é um tabu, mas sim um ato da vida.

O contexto em que Carrara escreve é também digno de nota. No Brasil, onde costumes e crenças sobre a morte variam grandemente, a autora se coloca como uma provocadora. Em tempos de pandemia, a discussão sobre a fragilidade da vida se intensificou, e a obra se torna ainda mais relevante, jogando luz sobre um tema que nos toca a todos - a desesperadora beleza da vida e a inevitabilidade de seu término.

Críticos e leitores têm se debruçado sobre suas páginas com fascínio e resistência. Enquanto alguns exaltam a coragem de Carrara, outros se sentem desconfortáveis com a forma direta como aborda a morte. Mas é exatamente esse desconforto que torna a leitura essencial: ela instiga questões fundamentais que muitos preferem deixar de lado. Os ecos de suas palavras ressoam além da obra, e é quase impossível não se perguntar sobre o que cada um de nós deixará para trás.

Essa obra se torna, portanto, um convite à reflexão profunda. Diante de sua leitura, somos confrontados com a urgência de viver plenamente, de expressar amor e dor, de ser humano em toda a sua plenitude. Ao fechar É sempre a hora da nossa morte amém, você não será mais o mesmo. A pergunta que fica é: como você irá viver, sabendo que o tempo é um recurso precioso e finito? Essa é a verdadeira mensagem de Carrara, capaz de transformar sua maneira de enxergar a vida e a morte.

📖 É sempre a hora da nossa morte amém

✍ by Mariana Salomão Carrara

🧾 240 páginas

2021

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