É uma Janela ou uma Banguela?
Jonas Ribeiro
RESENHA

Há algo enigmático em uma face sem um sorriso, num momento de dor alheia que, visto de relance, pode reconfigurar aquilo que acreditamos conhecer. "É uma Janela ou uma Banguela?", de Jonas Ribeiro, é mais do que uma travessura literária: é um convite à tangenciarmos nossas percepções e nos confrontarmos com dilemas mascarados pela simplicidade aparente.
O livro, em singelas 23 páginas, abre um horizonte para os desafios das pequenas (ou grandes) ausências na vida. Um título que pode soar pueril a princípio - a ludicidade com que palavras como "janela" e "banguela" dançam diante dos nossos olhos - se desvenda como uma metáfora profunda para o crescente vácuo existencial a que tantas vezes recorremos ao longo dos anos. As entrelinhas gritantes dessas páginas são preenchidas com momentos efêmeros, espaços vazios que incrivelmente conseguem se entrelaçar com os questionamentos mais complexos que carregamos.
Jonas Ribeiro, com sua maestria literária, cria um trueque simbólico e transversal entre o material e o imaterial. 🧩 A perda de um dente, naquele desavisado sorriso, pode rapidamente transitar para a perda de um momento especial, de um laço afetivo ou até da própria juventude. Esta obra, destinada prioritariamente ao público infantil, insinua um inescapável paralelismo com a condição humana no contexto dos nossos dias, feito uma ode aos percalços de crescer, superar e - porque não? - emoldurar nossas ausências como janelas.
Não é saudável, querido leitor, que você permita horas ou dias passarem sem travar contato com a pluralidade nesta pequena grande/janelada obra! Ribeiro sabe esmiuçar cada nuance de maneira embaraçosamente bela e simples, confrontando-nos com a memória infantil do que um "trocadilho" poderia ser, ao colocá-lo em termos muito mais profundos: de desafios que devemos superar e alçarmos vôo com o vento que entra pelas nossas inestimáveis "janelas" emocionais.
Contribuições de "É uma Janela ou uma Banguela?" transcendem anos de publicações para adentrar também no cerne dos debates sobre o papel da literatura infantil no desenvolvimento emocional e crítico dos pequenos - e dos nem tão pequenos assim - leitores. Coloca, de maneira sutil e provocativa, a necessidade de mentalizarmos o que deixamos de ter ou sentimos não poder repor: as similaridades entre a placidez térrea de um silente olhar infantil e a atmosfera sisuda da introspecção adulta.
Entre corredores didáticos e salas de estar reconfortantes mundo afora, histórias como a de Jonas Ribeiro ecoam entre gerações, deixando rastros de sabedoria mascarada em reflexões tão cotidianas quanto revolucionárias. ✨️ Parentanalhar uma criança a entender o que um espaço vazio dito "perda" pode significar como janela de oportunidades.
Uma obra forjou-se para iluminar aquela parte sensível da alma que clama por algum sentido submerso nas entrelinhas, na jocosidade da vida escondida por um palhaço sem meia calça, mas sorrindo banguela; ou de uma janela que se abre - oferecendo visão não para fora, mas adentra a própria essência de estarmos humanos, fraternos e incansavelmente ávidos por respostas.
📚 Se você não lê-lo, querido leitor, arrisca perder-se na vasta carência da uniformidade existencial; e pode ter certeza: as emoções que este livro raspa das gentis camadas do cotidiano irá ressignificar suas ausências, transformando-as em vitalidade e perspectiva renovada - com a ventura, ou infortúnio regenerador, de te olhar assim tão de perto.
📖 É uma Janela ou uma Banguela?
✍ by Jonas Ribeiro
🧾 23 páginas
2007
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