Eles eram muitos cavalos
Luiz Ruffato
RESENHA

Eles eram muitos cavalos é uma explosão de emoções que sacode as estruturas da consciência e desmantela a apatia na qual muitos de nós nos perdemos. Luiz Ruffato, com uma prosa visceral e arrebatadora, nos insere no labirinto urbano contemporâneo, onde cada esquina revela o drama humano em toda a sua crueza e beleza. Este livro não é apenas uma leitura; é uma jornada que te arrasta para as profundezas da alma e da sociedade brasileira.
A obra, em sua essência, trata da vida nas margens da metrópole. Ruffato orquestra uma narrativa multi-vozes que ecoa os dilemas e anseios dos personagens, bandeando-se por desafios cotidianos de uma nação em transformação. A cidade, com sua brutalidade e poesia, se torna um personagem pulsante que abraça e sufoca, onde os sonhos parecem tão distantes quanto os trens que não param nas estações esperadas. A habilidade do autor de captar a fragilidade e a força do ser humano é de deixar qualquer um em estado de reflexão profunda.
Os leitores se dividem em suas opiniões. Há quem aponte a riqueza narrativa como um convite irresistível à introspecção, enquanto outros, menos sensibilizados, podem achar a densidade de relatos um fardo. Contudo, não podemos ignorar que Eles eram muitos cavalos cumpre com maestria o papel de instigar a empatia e o entendimento da condição humana. As angústias que povoam as páginas ressoam como gritos desesperados de um Brasil que se renova e se desmorona ao mesmo tempo.
Ruffato, nascido em Cataguases e imerso nas questões sociais desde a juventude, confere a sua obra um olhar íntimo e crítico sobre a desigualdade que ainda persiste. A narrativa, repleta de fragmentos que refletem a vida nas grandes cidades, também toca em temas que perpassam a experiência humana, como amor, solidão e esperança. Ele nos instiga a ver não apenas os muitos cavalos que compõem a manada da vida urbana, mas também os sonhos e os medos que os cavaleiros carregam.
O contexto histórico é crucial. Publicado em um Brasil que já vivia os ecos de mudanças sociais significativas, a obra se tornou um espelho para a sociedade moderna. Aqui, a desilusão com o sistema político e as promessas não cumpridas se entrelaçam com a própria busca por identidade em um cenário caótico. O impacto disso na vida das pessoas é palpável, e Ruffato é um maestro que domina essa sinfonia de vozes e experiências.
E, claro, a recepção da obra não foi unânime. Muitos leitores se sentem profundamente tocados pelos personagens, identificando-se com suas lutas e vitórias. Outros, por sua vez, podem enxergar a obra como um retrato excessivamente sombrio e pessimista da realidade. Mas, o que seria da arte se não fosse a capacidade de provocar sentimentos díspares e discussões acaloradas?
Prepare-se para mergulhar em um universo onde os cavalos não são apenas animais, mas símbolos da luta diária de cada um de nós. Cada página do livro te obriga a encarar suas próprias verdades e a refletir sobre o papel que você desempenha nesta grande cidade que nunca dorme. E a grande pergunta que fica é: você estará disposto a escutar os muitos cavalos que habitam sua própria vida? 🐴
📖 Eles eram muitos cavalos
✍ by Luiz Ruffato
🧾 136 páginas
2013
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