Entre a pista e a cadeia; uma etnografia sobre a experiência da internação provisória em uma unidade socioeducativa no Rio de Janeiro
Luana Martins
RESENHA
Entre a pista e a cadeia: uma etnografia que desnuda as entranhas do sistema socioeducativo

Quem se atreve a percorrer as páginas de Entre a pista e a cadeia, de Luana Martins, não entra apenas em um livro, mas em um labirinto de emoções e realidades cruas, dignas de um sociólogo e um poeta. A obra não é um mero retrato da internação provisória em uma unidade socioeducativa do Rio de Janeiro; é um grito angustiante dos que vivem entre os muros e as promessas quebradas da sociedade. Ao mergulhar neste universo, você é obrigado a refletir sobre a sua própria posição neste grande teatro do absurdo que é a vida.
Martins, com uma habilidade provocativa, faz do leitor um espectador ativo. Os relatos são intensos, impregnados de humanidade, e ao mesmo tempo, uma crítica mordaz ao sistema que marginaliza jovens e os condena a repetirem ciclos viciosos. O que vemos são adolescentes despidos de esperança, lutando em um campo de batalha que deveria, ao invés disso, oferecer caminho para a reintegração, mas que muitas vezes revela-se mais como uma prisão do que um espaço de recuperação.
Se você achar que a leitura será confortável, pode esquecer. Cada página lhe confrontará, desnudando as fragilidades de um sistema que não acalma, mas provoca revolta. A narração não economiza nos detalhes, e cada caso registrado, cada história contada, arranha a superfície da sua consciência. Você se vê refletido nas vozes desses jovens, e não há como não se sentir um pouco responsável pelas escolhas coletivas que geraram essa realidade tão dura e tão distante do ideal de uma sociedade igualitária 💔.
Os leitores têm se dividido em suas opiniões. Para alguns, a obra é um farol na escuridão, uma luz que ilumina problemáticas sociais frequentemente ignoradas. Outros, porém, sentiram que o texto poderia aprofundar ainda mais questões relacionadas ao papel da família e da sociedade na formação desses indivíduos. Mas, no fundo, a obra provoca uma pergunta que ecoa: até onde vai a responsabilidade coletiva quando se trata de vidas interrompidas? Isso não é apenas uma leitura; é uma convocação à ação e à empatia.
A etnografia de Martins não é apenas acadêmica; é uma construção territorial das dores e esperanças de muitos. A profundidade da escrita te obriga a sair da sua zona de conforto e olhar de frente para a realidade do Brasil, do medo e do amor que coexistem entre a pista e a cadeia. Cada adolescente retratado é um grito abafado, um pedido de socorro que ressoa nas periferias e nas consciências de cada um de nós.
Em um país onde o neoliberalismo e a desigualdade social dançam um balé macabro, Luana Martins nos oferece um convite: o de nos tornarmos agentes de mudança. Portanto, não se engane; ao abrir este livro, você não terá apenas uma experiência literária, mas uma oportunidade de transformação social. E essa é a verdadeira genialidade de Entre a pista e a cadeia: desafiar cada um de nós a agir, a sentir e, sobretudo, a humanizar o outro. 🌍✨️
📖 Entre a pista e a cadeia; uma etnografia sobre a experiência da internação provisória em uma unidade socioeducativa no Rio de Janeiro
✍ by Luana Martins
🧾 216 páginas
2020
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