Entre o encardido, o branco e o branquíssimo
Branquitude, hierarquia e poder na cidade de São Paulo
Lia Vainer
RESENHA

A complexidade da sociedade contemporânea se desdobra em camadas que muitas vezes passamos a vida inteira sem perceber. Entre o encardido, o branco e o branquíssimo: Branquitude, hierarquia e poder na cidade de São Paulo, de Lia Vainer, dá voz a essas sutilezas, transformando um tema que poderia ser mero tópico acadêmico em uma reflexão contundente sobre a realidade e os privilégios que permeiam nossa existência. Este livro não se limita a descrever a branquitude; ele te empurra para um abismo de questionamentos, convidando você a enxergar a cidade e suas relações sociais sob uma nova perspectiva.
Vainer, com maestria, articula uma análise crítica que faz você sentir a pele arrepiar ao perceber o quanto a hierarquia racial ainda molda o cotidiano em São Paulo. As páginas se tornam um espelho que reflete a luta diária de indivíduos que passam pelo crivo de uma sociedade racista, onde a cor da pele é, muitas vezes, o passaporte para os espaços de poder - ou para a exclusão mais vívida. Cada capítulo é uma facada na complacência cujo objetivo é expor a brutalidade da branquitude e suas consequências. É um convite para que você, leitor, examine suas próprias crenças e preconceitos.
Os comentários dos leitores revelam um clima elétrico - entre aqueles que aplaudem a coragem da autora em abordar temas tão delicados e outros que a criticam por, segundo eles, se debruçar em narrativas que perpetuam divisões. Este embate de opiniões só reforça a relevância da obra, uma vez que provoca discussões necessárias. A pergunta que ecoa após a leitura é: como você se posiciona diante do poder que a cor da pele confere na sociedade?
Mas não se engane, este não é um texto que vai te dar respostas fáceis. Vainer é incisiva. E é essa incisividade que faz o leitor sentir o peso do racismo estrutural de forma que poucos livros conseguem provocar. O que se espera de uma obra desses tempos, senão um choque que nos faça questionar, repensar e, quem sabe, agir? Através das lentes da autora, emergimos em um cenário de privilégios e opressões que se entrelaçam, onde a branquitude se apresenta como um comodato social.
A proposta de Lia Vainer é, portanto, um convite inadiável. Não é apenas uma leitura; é um alerta, uma cutucada na consciência coletiva. Te convida a não ser meramente um espectador, mas um agente transformador, alguém capaz de reconhecer as feridas sociais e buscar a cura. Em um momento em que discurso e práticas racistas se tornam cada vez mais evidentes, esta obra surge como um grito de resistência e um chamado à solidariedade.
Este é um livro que não apenas se lê, mas que se vive. Ao virar cada página, a sensação é de estar mais perto da verdade e, ao mesmo tempo, mais distante da ignorância que mantém as estruturas de poder intactas. Entre o encardido, o branco e o branquíssimo não é uma leitura opcional; é uma responsabilidade. Pense bem: você está preparado para essa reflexão? 🌍
📖 Entre o encardido, o branco e o branquíssimo: Branquitude, hierarquia e poder na cidade de São Paulo
✍ by Lia Vainer
🧾 216 páginas
2020
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