Era meu esse rosto
Marcia Tiburi
RESENHA

Era meu esse rosto é uma verdadeira imersão nas complexidades do ser humano, um convite à reflexão sobre a identidade, o amor e a solidão. A prosa envolvente de Márcia Tiburi não se limita a meras palavras; ela invade a alma do leitor e o faz questionar: quem somos nós, de fato? A narrativa é um mosaico de histórias, um espelho distorcido que reflete não apenas a própria autora, mas também a sociedade em que nos inserimos, com suas contradições e camadas.
Neste livro, as páginas se abrem como janelas para a vida íntima de suas personagens, revelando anseios, medos e, especialmente, a busca incessante por um eu verdadeiro. Tiburi nos brinda com uma perspectiva audaciosa, desafiando as normas da narrativa convencional. O que seria a beleza se não uma construção social? E o amor, uma miragem em um deserto de solidão? Cada relato é uma estaca cravada no solo do cotidiano, enraizando-se na mente do leitor e fazendo-o refletir sobre seu próprio espaço no mundo.
Diversos leitores se sentiram tocados pela profundidade das questões levantadas por Tiburi. Críticas elogiosas ressaltam como a obra provoca uma identificação instantânea, levando muitos a revelações emocionais. No entanto, nem todos compartilham a mesma visão. Alguns acham a escrita densa e a abordagem um tanto melancólica, questionando se realmente as histórias possuem um fio condutor claro ou se naufragam em uma contemplação excessiva. A verdade é que essa polaridade apenas reforça a relevância da obra: ela faz sentir, faz pensar, faz debater.
Num Brasil em constante transformação social e política, a relevância de Era meu esse rosto se torna ainda mais evidente. Publicado em 2012, ano emblemático em que o país começava a sentir os primeiros ecos de uma crise insidiosa, o livro se posiciona como um farol, iluminando os labirintos da psique humana. O contexto histórico por trás da criação da obra convida a uma nova leitura, um mergulho nas questões de identidade que pairam sobre a nação de forma tão tangencial e ao mesmo tempo visceral.
A relação de Tiburi com a filosofia e a psicologia se reflete em cada linha, como um chamado sutil ao autoconhecimento. Com traços de sua própria vivência e formação, a autora transforma a dor em arte, e a arte em salvação. O leitor é puxado para essa espiral, e ao final, a única certeza é de que a jornada até ali, recheada de desilusões e descobertas, revela verdades muitas vezes escondidas sob as camadas da rotina.
Ao chegar ao desfecho, você pode sentir um nó na garganta ou uma lágrima escorrendo, mas saiba que é exatamente isso que Era meu esse rosto se propõe: ser o reflexo de uma busca comum a todos nós, um convite para confrontar a face que vestimos todos os dias, e a que desejamos um dia revelar. 🌪 Não fique de fora dessa viagem introspectiva; é impossível sair ileso das provocativas reflexões de Tiburi. Afinal, você também tem um rosto que pode querer reivindicar.
📖 Era meu esse rosto
✍ by Marcia Tiburi
🧾 208 páginas
2012
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