EraOdito
Marcelino Freire
RESENHA

EraOdito é um mergulho visceral na alma humana, uma porta escancarada para a dor e a verdade que muitos preferem esconder. Marcelino Freire, nesse provocador livro, transforma sua narrativa em um grito que ecoa entre as páginas, nos levando a confrontar não apenas o que está à nossa volta, mas o que reside dentro de nós. O autor, com suas palavras afiadas como lâminas, disseca as relações interpessoais e o cotidiano de uma sociedade marcada pela indiferença e violência.
Tudo começa em um cenário onde a banalização do ódio reina, refletindo a realidade que a mídia nos empurra goela abaixo. Através de contos curtos e impactantes, Freire é capaz de fazer com que você sinta os personagens, como se a dor deles fosse a sua própria. Aquela velha história de "não quero me intrometer" é deixada de lado, e você se vê no meio de um turbilhão emocional, onde cada narrativa cutuca feridas antigas que muitos tentam esquecer, mas que permanecem pulsando.
A obra, publicada em 2002, surge em um contexto em que o Brasil ainda lutava para se libertar das amarras de um passado conturbado. A influência do cenário social nos textos de Freire é inegável. Ele utiliza seu background de vida e a cultura brasileira para dar vida a personagens que não são apenas ficcionais, mas sim reflexos de pessoas que lotam as ruas das cidades, cada uma com suas histórias de dor, tristeza e, muitas vezes, revolta.
Os comentários dos leitores sobre EraOdito são um espetáculo à parte. Muitos elogiam a profundidade emocional dos contos, destacando como as histórias permanecem com eles muito depois da última página virada. Contudo, há quem critique a dureza da temática e a forma crua como o autor aborda o ódio. Para estes, a obra pode parecer sombria demais. Mas, e daí? A vida muitas vezes é sombria, e Freire não tem medo de expor essa realidade sem filtros.
Ao se aprofundar nas narrativas, surge a reflexão inevitável: como lidamos com nossas próprias emoções conflitantes em um mundo recheado de superficialidade? A crueldade do cotidiano se transforma em arte e, ao final da leitura, sua garganta estará apertada, e o coração acelerado. É um desafio que Freire impõe ao leitor: encarar de frente a sombra que habita em cada um de nós.
A urgência de EraOdito faz com que você não apenas leia, mas que viva a experiência. Ao final, a obra não é apenas uma coleção de histórias; é uma convocação à empatia, uma necessidade de se conectar e entender a complexidade do ser humano. Ao consumir essas páginas, você se verá mudado. E quem sabe, não começará a perceber o ódio ao seu redor com novos olhos, ou melhor, um novo coração. Portanto, não fuja desta experiência. Abrace-a. Sinta-a. 🔥🖤
📖 EraOdito
✍ by Marcelino Freire
🧾 176 páginas
2002
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