Esaú e Jacó
77
Machado de Assis
RESENHA

Esaú e Jacó: 77 é uma obra que nos obriga a olhar para dentro, desafiando a dualidade bem x mal, amor x ódio, fraternidade x rivalidade. Ao mergulhar nas páginas de Machado de Assis, você se tornará espectador e protagonista de um drama familiar que se desenrola na rica e complexa sociedade brasileira do século XIX. Nesta relação tensa entre os irmãos Esaú e Jacó, encontramos ecos profundos das relações humanas e das intricadas jogadas do destino, que são, muitas vezes, mais cruéis do que a própria luta pelo poder.
Dê-se conta: o Brasil, naquele tempo, era um microcosmo de contradições e conflitos sociais, culturais e políticos. Em meio a um cenário efervescente de transformações, Assis constrói um enredo denso em simbolismos e reflexões. Os irmãos, filhos de um abastado proprietário, se tornam espelho de uma nação dividida. Esaú, o mais velho, é o estereótipo do trabalhador árduo; Jacó, por sua vez, é astuto e manipulador. A luta pela herança familiar vai além do material; é uma batalha pela alma, um retrato da eterna disputa entre o que é certo e o que é conveniente.
Ao longo da narrativa, o leitor é puxado para o campo de batalha emocional entre esses dois personagens. Sentimentos de aversão e solidariedade colidem, criando uma montanha-russa de emoções. Os diálogos flertam com a ironia, uma marca registrada de Assis, que usa a linguagem para expor contradições e verdades indiscutíveis da psicologia humana. Não é apenas uma leitura; é uma experiência visceral. Você se verá refletido no espelho distorcido que o autor ergue, um convite para questionar sua moralidade e os limites da lealdade.
As opiniões dos leitores são tão variadas quanto as nuances do texto. Alguns criam laços indissolúveis com os personagens, enquanto outros encontram falhas na construção do enredo. Há quem considere a relação entre Esaú e Jacó um retrato do Brasil em busca de identidade, e outros que veem apenas um conflito familiar banal. Essa diversidade de interpretações torna a obra ainda mais vibrante e instigante, desafiando suas concepções sobre narrativa e realismo.
Machado de Assis, com sua maestria, não se limita a construir um enredo; ele provoca revoluções nas mentes e corações dos leitores. Este clássico não é apenas para ser lido, mas para ser sentido, discutido, e até mesmo debatido, ressoando até os dias de hoje com uma validade atemporal. E aqui está o pulo do gato: a profundidade psicológica dos irmãos ressoa com as lutas contemporâneas, ecoando a complexidade das relações humanas em um mundo cada vez mais polarizado.
Conforme você se deixa levar por Esaú e Jacó: 77, lembre-se: cada palavra, cada conflito, é um convite a reavaliar não apenas a sua visão sobre a história brasileira, mas também sobre a sua própria trajetória. O que você faria se estivesse no lugar de Esaú ou Jacó? Como essas escolhas moldariam a sua vida? Ao concluir essa obra, a reverberação de suas provocações lingerá em sua mente, fazendo-o questionar suas próprias dualidades e a natureza humana em sua essência. 🌪
📖 Esaú e Jacó: 77
✍ by Machado de Assis
🧾 242 páginas
2012
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