Frankenstein
Mary Shelley
RESENHA

Frankenstein é um abismo de reflexão, uma obra-prima que mergulha nas sombras da condição humana e nos alertas sobre as consequências de brincar de Deus. A história de Victor Frankenstein, um cientista obcecado por dar vida a um ser criado a partir de partes de corpos humanos, ressoa como um eco sombrio nas mentes de quem o lê. Escrita por Mary Shelley, essa narrativa nos arrasta para um torneio emocional, onde raiva, compaixão e horror entrelaçam-se de forma eletrizante.
Mary Shelley não só apresenta uma criatura monstruosa, mas, de forma brilhante, transforma toda a culpa e a tragédia em um espelho que reflete a sociedade e suas falhas. A pergunta que permeia a obra é clara: até onde você iria em busca da glória? O que acontece quando ultrapassamos os limites do que é moralmente aceitável? O leitor não consegue se desvincular da profunda conexão entre o criador e sua criação, uma relação que evoca tanto o amor quanto a rejeição. É impossível não sentir a agonia do monstro, abandonado e isolado, buscando aceitação em um mundo que lhe oferece apenas desprezo.
Neste clássico do terror gótico, a atmosfera é densa, quase palpável. O frio do Ártico é uma metáfora para o gelo que impregna o coração de Victor, enquanto a solidão da criatura serve como um lembrete brutal de que a busca por poder pode resultar em solidão e desespero. As críticas de leitores ao longo dos anos variam entre a admiração pelo gênio de Shelley e a incredulidade diante do comportamento de seus personagens. Muitos discorrem sobre a relevância atemporal das questões abordadas, destacando como essa luta entre criador e criatura ressoa com as tensões sociais contemporâneas. Outros criticam a obra por sua melancolia quase opressiva, mas, para muitos, é exatamente essa tristeza que torna a leitura profundamente tocante.
Nos ecos da Revolução Industrial, o pano de fundo histórico amplifica as questões de ética e ciência, fazendo do texto um prenúncio das discussões modernas sobre biotecnologia e inteligência artificial. A obra de Shelley provocou e continua a provocar a mente de grandes pensadores, influenciando escritores como H.G. Wells e até mesmo cineastas como James Whale, que trouxe sua visão para o cinema, perpetuando a lenda de Frankenstein em uma nova era. As interações entre os personagens transcendem o tempo, revelando um retrato cruel da busca humana por poder e aceitação.
A intensidade emocional da narrativa é palpável. Cada página ressoa como um grito desesperado por entendimento e empatia. Você sente o desespero da criatura na busca por conexão, enquanto a culpa e a responsabilidade de Victor o atormentam incessantemente. A mensagem de Frankenstein ultrapassa as barreiras do tempo: somos todos, em essência, criadores e criaturas, lutando para encontrar nosso lugar em um mundo que muitas vezes parece cruel e indiferente.
Ao final, fica a certeza de que Frankenstein não é apenas uma história sobre monstros. É um convite a refletir sobre o que significa ser humano em um mundo repleto de imperfeições. Não se trata apenas de medo; é uma chamada à empatia, uma lição que reverberará por gerações. Cada um de nós carrega um pouco do monstro dentro, e a verdadeira tragédia pode estar em não reconhecê-lo. Portanto, ao fechar o livro, você terá a sensação de ter sido desafiado, emocionado e, quem sabe, transformado. 🌌
📖 Frankenstein
✍ by Mary Shelley
🧾 256 páginas
2022
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