Ganhadores
A greve negra de 1857 na Bahia
João José Reis
RESENHA

1857, Salvador. A qualquer ruela da cidade ecoa a tensão de um grito sufocado, o pulsar da resistência e o rugido abafado de uma multidão que faz tremer suas correntes mentais. João José Reis abre as portas da história como se cada página fosse um campo de batalha, convocando-nos para um mergulho avassalador na epopeia dos "Ganhadores: A greve negra de 1857 na Bahia."
Em cada linha dessa obra monumento, a Bahia não é uma mera paisagem colonial, mas um organismo vivo, convulso e combativo. Os "ganhadores" - negros escravizados que realizavam serviços na cidade - emergem das sombras nas quais foram relegados por teses historiográficas superficiais e incompletas. Esta greve, perdida nas brumas do tempo, se ergue como símbolo de uma luta palpitante contra opressões multifacetadas. Com a precisão de um cirurgião historiador e a sensibilidade de um poeta das injustiças, João José Reis nos envolve em torno desse levante que explodiu como faísca na pólvora da subalternidade.
O autor, ícone indiscutível no campo da história social e da escravidão, bufa na cara das limitações acadêmicas e tece uma narrativa incrivelmente vívida. ✨️ Ele faz da rebeldia um épico. Consegues sentir a carne tremer ao saber que essas vozes, apagadas por décadas, agora reverberam novamente, escancarando o impacto retumbante do protesto. 🌪 Teus olhos leem, mas teu coração hesita, bate acelerado ao saborear, por exemplo, a crueza dos relatos diários dos rebeldes ou o súbito papel subversivo da rua.
Criticas pró e contra fervilham na web. Detratores podem argumentar que Reis exagera em sua construção narrativa ou que dedica parcelas excessivas à descrição detalhada do contexto. Mas, aqui entre nós, quem critica nunca sentiu a alma queimar ao se reconhecer nas teias implacáveis que a história tece sobre nós. Elogios pipocam entre especialistas, destacando a riqueza das fontes e a meticulosidade recapitulatória que o autor alavanca como se estivesse desenterrando segredos numa caça ao tesouro do universo apagado da luta negra. 🏴
Olhando além da lente do Bildungsroman ou da ficção colonial típica, "Ganhadores" foi um legado que influenciou outras obras prósperas sobre a escravidão, como "Escravismo no Brasil" de Emília Viotti da Costa e cutucou no âmago interpretações contemporâneas de resistência, desde filmes até documentários 💡. Joel Zito Araújo e Sueli Carneiro reconheceram em textos, artigos e conversas o impacto robusto da obra na revisão de paradigmas de luta e insurgência.
Cada página é um golpe de realidade que te arranca da ignorância e te balança como folha ao vento de uma frágil árvore histórico-social. Faíscas saltam no compasso com o caminhar de cada trabalhador negro em luta por freguesia e liberdade velada. As raízes profundas desse conflito explodem, te implorando para não vestires a cegueira apática histórica.
Esses nomes, os teus antecessores, carregavam o peso desumano de algemas, mas acenavam com garras afiadas pelo despertar. "Ganhadores", arremessado no tempo é holofote furioso, e João José Reis, senhor dos relâmpagos desse brado contido, é o mensageiro imortal de urgência atemporal. Sim, vieste até aqui e, te afirmo com a lex semiótica: ao largares este livro, teu coração não será o mesmo, tua história não se desfiará na ignorância comum e sim na robusta crosta do saber.
Não meramente uma leitura; é uma viagem emocional às entranhas inflamadas de um século, uma jornada ao que define e reverbera até hoje nosso senso de justiça e humanidade. Esquecê-lo? Só se puderes te dar ao luxo da insensibilidade. Fica o aviso: a Bahia de 1857 te toca mais fundo que algumas palavras recitadas - lhe pertence como o sangue que lateja no pulso do tempo. ❤️
📖 Ganhadores: A greve negra de 1857 na Bahia
✍ by João José Reis
🧾 456 páginas
2019
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