Geek Love
Todos nós temos um lado freakshow
Katherine Dunn
RESENHA

Geek Love: Todos nós temos um lado freakshow é uma dessas obras que desafiam a nossa percepção de normalidade, levando-nos a refletir sobre o que significa ser humano em um mundo que, muitas vezes, drena a individualidade em nome da aceitação coletiva. Katherine Dunn nos apresenta uma narrativa que é um verdadeiro desfile de esquisitices e fragilidades, onde o amor é camaleônico e a lealdade é um conceito distorcido, como a própria realidade que nos cerca.
Ao longo das páginas, mergulhamos na peculiar família Binewski, cujos membros são prodígios nascidos de uma combinação de amor e ciências malucas, tudo isso feito pela matriarca, uma mulher obcecada por criar "artistas de freak show". O que se revela é uma crítica afiada à sociedade contemporânea, que muitas vezes marginaliza o diferente em prol do que é convencional. É um convite a refletir: o que você faria para se sentir especial em um mundo que celebra a média?
A prosa de Dunn é crua, vívida e eletricamente poética. Cada personagem encarna uma faceta do que chamamos de humanidade e dá um nome ao nosso lado obscuro, ao comportamento que escondemos por trás das máscaras sociais. É como se ela dissesse: "Todos nós temos um lado freakshow". A ironia e a tragédia se entrelaçam de maneira magistral, criando momentos em que você rirá e se sentirá culpado ao mesmo tempo. Opiniões sobre a obra são tão diversas quanto seus personagens; para alguns, a história é uma obra-prima grotesca que toca nas feridas da existencialidade. Para outros, pode ser um desfile de horrores sem propósito, mas podemos concordar que provoca um turbilhão emocional.
Os leitores se dividem entre aqueles que se sentem estranhamente confortáveis com a esquisitice e os que se afastam perturbados. A crítica à futilidade das aparências e à busca incessante por aceitação ressoam nos comentários de quem se aventurou por essa viagem literária. As opiniões mais controversas argumentam que a obra pode ser excessivamente provocativa, mas é justamente esta provocação que a torna tão impactante. Dunn não se preocupa em agradar. Ela quer que você sinta, que você reflita.
O pano de fundo cultural em que Katherine Dunn escreveu Geek Love ecoa o espírito do final do século XX, onde a busca por individualidade e a crítica ao consumismo emergem com força. O culto ao corpo, as modas e as obsessões que moldam a sociedade são expostas de maneira crua, e a autora não recua diante da grotescização da realidade. Esse é um tema que reverbera até hoje, em uma era em que a estética nas redes sociais muitas vezes supera a ética.
Se você ainda não leu Geek Love, prepare-se para ser confrontado não apenas com a estranheza dos personagens, mas com a estranheza que habita cada um de nós. É uma leitura que não só desafia as normas sociais, mas também a sua própria visão sobre o que significa ser parte do freakshow da vida. Afinal, todos temos algo a esconder, não temos? E será que você está disposto a compartilhar?
📖 Geek Love: Todos nós temos um lado freakshow
✍ by Katherine Dunn
🧾 464 páginas
2018
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