Guardar
Antonio Cicero
RESENHA

Guardar transcende as páginas e se transforma numa reflexão profunda sobre os segredos que levamos dentro de nós. Ao mergulhar na obra de Antonio Cicero, somos confrontados com a fragilidade da memória e a força do que significa, de fato, resguardar nossas experiências. Cada verso é uma camada, um eco de sentimentos que reverberam na mente e no coração.
O autor, um dos mais significativos poetas contemporâneos do Brasil, nos apresenta uma linguagem que, ao mesmo tempo suave e cortante, nos cutuca e provoca. O que guardar representa, senão a luta diária para não perder a essência em meio ao caos da vida? Ao lermos, sentimos que essas palavras se entrelaçam com as nossas próprias histórias, despertando um turbilhão de emoções que vão da saudade ao medo, da alegria à solidão.
Cicero desfaz a ideia de que guardar é, necessariamente, proteger. Ele nos desafia a repensar o que escolhemos preservar no íntimo de cada um. As críticas à banalização da experiência humana e a urgência de vivermos o presente permeiam suas estrofes, levando o leitor a uma profunda reflexão sobre o seu próprio estado emocional. Ao deparar-se com questões como a efemeridade da vida e a natureza passageira das relações, a obra faz com que você questione: "O que estou realmente guardando?"
Os leitores, ao se depararem com essa obra, reagem de forma intensa. Alguns se encantam com a profundidade lírica e a musicalidade dos versos, enquanto outros acham a abordagem de Cicero desafiadora e, por vezes, desconfortável. Essa dualidade é o que torna Guardar uma obra tão poderosa. Ao provocar essas reações, Cicero nos lança um convite: a de não temer o que está oculto, mas sim confrontá-lo.
A importância dessa obra não pode ser subestimada. Em tempos em que a superficialidade predomina, Cicero nos lembra que tudo que guardamos tem um peso - e esse peso pode ser tanto uma âncora quanto uma âncora transformadora. O papel da memória, o que decidimos lembrar e esquecer, ganha nova vida em suas páginas.
Quem leu e se deixou tocar pela obra se vê envolto em uma rede de pensamentos que não se desfaz facilmente. É como se Guardar deixasse uma marca indelével, um convite constante para revisitá-la. As reflexões aqui não se esgotam; elas se multiplicam, reverberando em cada um de nós de maneiras inesperadas.
Seria pertinente ressaltar que a escrita de Cicero também dialoga com as tensões sociais e políticas que vivemos, mas essa é uma linha que merece ser explorada em outra ocasião. O essencial é que sua poesia nos toca em um nível tão íntimo que parece que ele está sussurrando verdades que evitamos encarar.
Não deixe passar a chance de absorver essa obra magnífica. Guardar não é apenas uma leitura; é um mergulho profundo na alma humana. E quem se aventura nesse mergulho sai com mais perguntas do que respostas, mas, certamente, com uma bagagem emocional mais rica e significativa. Em um mundo em que tudo parece tão efêmero, Guardar nos ensina que a essência do que somos reside nas memórias que escolhemos abraçar. 🕊
📖 Guardar
✍ by Antonio Cicero
🧾 104 páginas
1996
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