Memórias póstumas de Brás Cubas
Luiz Antônio Aguiar; Machado de Assis
RESENHA

Memórias póstumas de Brás Cubas é uma obra que transcende o mero entretenimento literário. É um verdadeiro convite à reflexão sobre a vida, a morte e, principalmente, sobre a hipocrisia que permeia as relações humanas. Publicado originalmente em 1881 por Machado de Assis, e agora reimaginado na edição de Luiz Antônio Aguiar, este clássico postura-se como um dos pilares da literatura brasileira, desnudando a sociedade da época e suas contradições de maneira mordaz e, ao mesmo tempo, irresistivelmente cativante.
Neste romance, Brás Cubas, um defunto muito particular, narra suas memórias do além-túmulo com um tom corrosivo e irônico. A habilidade de Machado de Assis em retratar o cotidiano de sua época, utilizando uma estrutura não linear e a voz inconfundível de um morto que observa os vivos, confere ao texto uma profundidade rara. Brás, que se apresenta sem qualquer remorso, apunhala a moralidade da elite carioca em um desfile de insights desconcertantes e, muitas vezes, hilários. É uma sátira que ressoa até os dias de hoje, refletindo comportamentos que se perpetuam nas relações sociais contemporâneas.
A riqueza poética de Memórias póstumas de Brás Cubas vai além da narrativa. Cada parágrafo é uma explosão de emoções e pensamentos que nos força a confrontar não apenas a superficialidade dos personagens, mas nossas próprias vidas. Ao apresentar a trajetória de um sujeito que, após a morte, se vê totalmente desprovido de suas vaidades e ambições, Machado provoca um questionamento profundo: o que realmente importa? A busca por status? O desejo de ser lembrado?
Os leitores são divididos entre aqueles que aplaudem a genialidade da narrativa e aqueles que se sentem desconcertados pela fragilidade da condição humana exposta em cada linha. Mentalmente, muitos se veem cercados por personagens que, embora fictícios, carregam características de pessoas que conhecemos. Críticas surgem, algumas aclamam a habilidade de Machado em capturar a fragilidade do ser, enquanto outras consideram a obra pesada e de difícil digestão. Mas, assim como Brás, o autor não se preocupa em agradar; sua missão é incomodar e provocar.
Esse clássico brada por um retorno à consciência crítica. Em um mundo saturado de superficialidades, a obra de Machado de Assis resgata o valor da introspecção. Cada página, repleta de ironia e crítica social, é um convite a revisitar nossas prioridades, a entender que a vida é uma grande comédia - às vezes trágica, outras vezes cômica - e a morte, um mero detalhe.
As influências de Memórias póstumas de Brás Cubas são visíveis em diversas obras, e não é exagero afirmar que toda uma legião de escritores e pensadores departiram da prosa machadiana. É impossível ignorar o impacto que Brás Cubas teve na literatura mundial. Do existencialismo ao modernismo, sua sombra se projeta, desafiando novas gerações a repensar as estruturas sociais e as relações humanas.
Ao se deparar com esta narrativa num tom tão provocador, você, leitor, talvez sinta agora o estalo da vontade poderosa de mergulhar nas páginas de Memórias póstumas de Brás Cubas. Este é um dilema existencial que poucos se arriscam a enfrentar, mas somos instigados a fazer isso: será que viveremos a vida sem compreendê-la plenamente? O que nos resta além das memórias? 💭✨️
📖 Memórias póstumas de Brás Cubas
✍ by Luiz Antônio Aguiar; Machado de Assis
🧾 96 páginas
2019
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