Moda e Ironia em Dom Casmurro
Geanneti Tavares Salomon
RESENHA

Moda e Ironia em Dom Casmurro não é simplesmente uma análise sobre um dos maiores clássicos da literatura brasileira; é uma verdadeira jornada pelas intrincadas relações humanas e os desdobramentos que a traição (ou a dúvida) ocasiona. Geanneti Tavares Salomon ousa mergulhar no universo machadiano com um olhar afiado, desenhando uma teia onde as vestimentas e o simbolismo da moda revelam verdades profundas sobre a sociedade do século XIX e nossas próprias inquietações contemporâneas.
Ao folhear as páginas dessa obra, você é imediatamente transportado para um tempo em que a aparência e a reputação pulsavam como os batimentos cardíacos de uma sociedade repleta de hipocrisia e ironia. O autor propõe que a vestimenta não é apenas um elemento superficial; ela se torna um reflexo da personalidade, dos conflitos e, sobretudo, das estratégias que Bentinho, o protagonista atormentado, utiliza para lidar com as inseguranças que o cercam. O que está escondido por trás de um traje? Quem nunca se confrontou com a dúvida, assim como Bentinho, sobre a fidelidade de Capitu? O mistério que envolve seus olhos "excessivamente" enigmáticos ecoa a complexidade da psicologia humana, que Salomon explora com magnificência.
As críticas e opiniões sobre a obra de Salomon revelam um espectro de reações. Para alguns, o autor acerta em cheio ao associar o jogo da moda com a manipulação emocional, ressaltando a ironia que permeia as interações sociais. Já outros argumentam que a busca incessante por uma leitura mais profunda pode soar exaustiva, talvez até pretensiosa. Ah, mas esse é o charme: é possível ver as fricções das diversas visões refletidas, muito rico e instigante!
É fascinante perceber como a análise feita por Salomon se entrelaça com a própria obra de Machado de Assis. O autor de Dom Casmurro navegou por temas como ciúme, desconfiança e a fragilidade das relações, que ecoam em nosso cotidiano. Tavares Salomon traz isso à tona de maneira intensa, revelando como as roupas nas mãos de Capitu se transformam em armas, aliadas e, por que não, uma espécie de armadura.
Vale destacar que a moda, além de ser um meio de expressar status e autoimagem, torna-se uma metáfora poderosa no contexto da ironia e da manipulação de personagens. A forma como a roupa dialoga com a narrativa sublinha a sutileza machadiana, que muitas vezes passa despercebida na leitura tradicional. O que está em jogo aqui vai além do que a superfície pode mostrar; é uma provocação ao leitor, forçando-o a refletir sobre suas próprias relações e aparências.
A eloquência de Salomon faz com que seja impossível deixar de lado esse fio intricado de moda e ironia. Cada página provoca uma reflexão sobre quem somos e como os outros nos veem, uma dança pesada entre estética e essência que provoca uma revolução de pensamentos. Ao final, a obra se torna um convite à introspecção, despertando o desejo de entender não só Dom Casmurro, mas também a nós mesmos.
Ao se deparar com Moda e Ironia em Dom Casmurro, você não está apenas lendo um livro; você é convocado a embarcar em um diálogo profundo e revelador com a própria humanidade, encorajado a desvendar suas verdades e mentiras. Essa obra ressoa com a força de um grito silenciado, molda novas perspectivas e nos inspira a olhar para o mundo através de uma lupa que, em vez de distorcer, mostra uma realidade nua e crua. Não perca a chance de se deixar tocar por essa ironia da moda e da vida.
📖 Moda e Ironia em Dom Casmurro
✍ by Geanneti Tavares Salomon
🧾 196 páginas
2010
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