O ano da morte de Ricardo Reis (Nova edição)
José Saramago
RESENHA

O ano da morte de Ricardo Reis é uma obra que transita entre o real e o fantástico, mergulhando o leitor em um universo profundo, emaranhado em reflexões sobre a vida, a morte e a identidade. José Saramago, um gigante da literatura, nos brinda com esta narrativa que nos provoca a confrontar nossa própria existência sob a ótica de um personagem que vagabundeia em Lisboa, após o retorno do Brasil, carregando consigo os vestígios de um passado glorioso.
Ricardo Reis, um heterônimo de Fernando Pessoa, revive nas páginas deste romance um período conturbado da história portuguesa, os anos 1930, e através de seus olhos, somos testemunhas de um país imerso em crises políticas e sociais. Saramago se vale de um estilo magistral, onde a prosa fluente se entrelaça a um humor ácido e a uma crítica contundente à realidade. Através de Reis, somos levados a questionar: o que significa realmente viver? Qual é o valor da memória em um mundo que busca o esquecimento?
A genialidade de Saramago está em criar um diálogo constante entre a história e a literatura, onde cada página é um passo em direção à reflexão. Contemporâneo à sua obra, podemos traçar paralelos com a crise de identidade que muitos de nós enfrentamos atualmente. Afinal, quem somos nós em meio a uma sociedade voraz por respostas imediatas? O autor nos provoca a buscar dentro de nós mesmos, fazendo com que nos identifiquemos com Reis em sua jornada de autodescoberta.
Leitores variados têm se manifestado sobre a obra. Alguns a consideram uma leitura densa e desafiadora, enquanto outros se rendem à beleza de cada parágrafo, sentindo-se hybridizados com os dilemas existenciais de Reis. O aspecto mais comentado é a capacidade de Saramago de deixar seu leitor em transe, quase como um hipnotizado, ao longo de suas linhas longas e sem pontuação convencional, que quebram o ritmo, mas nos convidam a mergulhar ainda mais fundo em cada ideia.
Ler O ano da morte de Ricardo Reis é mais do que acessar uma boa literatura; é um convite a enfrentar os labirintos da alma. É uma experiência que nos impõe a reflexão sobre nossa própria mortalidade e as memórias que construímos, que se entrelaçam nas tramas do tempo. Não é apenas uma narrativa sobre o passado; é um grito clamando para que olhemos o presente com olhos críticos e uma consciência renovada.
Saramago não tem medo das contradições e nos apresenta um protagonista que se contorce entre o desejo de ser esquecido e a necessidade de ser lembrado. Essa dualidade ressoa em muitos de nós, que vivemos em um mundo que valoriza tanto a superficialidade quanto a profundidade. Ao final da leitura, você pode se sentir como se estivesse se despindo de suas próprias camadas, confrontando os espectros dos seus mortos, da sua história.
É impossível não sair transformado após esta leitura. O que você leva desse desafio literário? O que você vai lembrar enquanto ripostamos em uma sociedade que em muitos momentos tenta silenciar a voz da reflexão? A obra de Saramago se torna, então, uma âncora em tempos tempestuosos, uma força que ressoa em nós e nos obriga a reavaliar nossa narrativa pessoal. E você? Está pronto para viver esse mergulho?🌊
📖 O ano da morte de Ricardo Reis (Nova edição)
✍ by José Saramago
🧾 432 páginas
2020
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