O Banquete
Platão; Jair Lot Vieira
RESENHA

Um banquete, não qualquer banquete, mas O Banquete de Platão, é uma descida voraz ao labirinto das ideias mais profundas sobre amor, desejo e beleza. Este diálogo icônico não é apenas uma leitura obrigatória; é um desafio intelectual, uma viagem que te joga em uma festa onde Sócrates, Aristófanes e outros titãs da filosofia discorrem sobre Eros, cada um com sua visão singular e explosiva.
Porém, seria um desserviço resumir O Banquete a um mero debate acadêmico. Ao ser lançado em 380 a.C., Platão endereça questões que ecoam até hoje, como a nossa eterna busca pelo amor verdadeiro e a compreensão dos desejos que nos movem. A beleza do diálogo reside na sua atemporalidade, transcendendo eras e culturas, nos fazendo refletir se nossa concepção de amor realmente evoluiu.
A tradução de Jair Lot Vieira, publicada em 2017, resgata com maestria a eloquência e a profundidade do original grego. Vieira preserva a vivacidade das discussões, transportando o leitor diretamente para a atmosfera fervilhante da Grécia Antiga. Sentimos o perfume das flores, ouvimos o tilintar das taças de vinho, e quase podemos tocar as mantas que adornam o ambiente do simpósio.
Sócrates, o protagonista indiscutível, rouba a cena com seu discurso sobre o amor platônico. Mas é Aristófanes, o dramaturgo cômico, quem arranca gargalhadas e lágrimas ao propor a teoria das almas gêmeas. Segundo ele, éramos seres completos, tragicamente divididos pelos deuses, e passamos a vida buscando nossa outra metade.
A audácia de Platão em inserir múltiplas vozes, cada uma com sua perspectiva, faz com que O Banquete não seja apenas uma leitura, mas uma experiência. O leitor é desafiado a se posicionar, a questionar, a se debater entre as ideias. É como se Platão pegasse na sua mão e dissesse: "Venha, sente-se à mesa, beba deste vinho e deleite-se com estes pensamentos."
A obra também é uma janela para a vida do próprio Platão. Discípulo de Sócrates e tutor de Aristóteles, ele viveu em tempos turbulentos, onde a política, a arte e a filosofia fervilhavam como nunca. Ele usou sua pena para perpetuar diálogos que moldaram o pensamento ocidental. Inspirações para gigantes como Friedrich Nietzsche e Carl Jung ressoam nesse banquete literário, provando que este platônico festim de ideias é a matriz de muitas correntes filosóficas subsequentes.
A intricada teia de emoções e raciocínios prende o leitor do início ao fim, como uma montanha russa intelectual que, ao invés de esgotar, revigora. Não é surpresa que as resenhas variem de efusivas a críticas ácidas. Uns exaltam a profundidade e a beleza do diálogo, enquanto outros se perdem na complexidade da linguagem. Mas a controvérsia é o que torna Platão irresistível; é impossível sair ileso dessa interação com sua obra.
E o que dizer da simplicidade e genialidade de suas analogias? Elas são como flechas certeiras, penetrando a couraça da superficialidade e alcançando o âmago do leitor. É impossível não se questionar, não se emocionar com a grandiosidade do pensamento platônico.
Portanto, ao terminar O Banquete, você não será mais o mesmo. Suas noções sobre amor, desejo e beleza serão questionadas, dilaceradas e, possivelmente, reconstruídas. É uma leitura que te tira o fôlego, que te mantém acordado à noite, refletindo sobre suas próprias relações e aspirações. 💭
Deixe-se envolver por esta obra-prima, onde cada palavra é um convite a repensar suas verdades, onde cada personagem é um guia na escuridão do desconhecido. Afinal, como afirmou Sócrates nesse mesmo banquete, "uma vida sem reflexão não vale a pena ser vivida." 🔥
📖 O Banquete
✍ by Platão; Jair Lot Vieira
🧾 95 páginas
2017
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