O castelo
Franz Kafka
RESENHA
Você está andando pela neve. Cada passo é um desafio, cada movimento uma luta contra o gelo que te congela a alma. No horizonte, um castelo. Mas não qualquer castelo: O Castelo. Franz Kafka, o mestre das tramas absurdas e das angústias existenciais, nos conduz pela nevasca da mente humana neste livro perturbador.
Lançado em 1926, mas ainda mais relevante hoje, O Castelo não é apenas uma leitura; é um mergulho abissal na complexidade do ser. A história gira em torno de K., um agrimensor que chega a uma vila governada por um misterioso castelo. E é assim que Kafka nos tranca em um labirinto psicológico: onde os muros não são visíveis, mas palpáveis. K. é a personificação de todos nós, tentando alcançar algo inalcançável, debatendo-se contra uma burocracia invisível e absurda.
Kafka, com seu gênio literário, desfere um golpe de mestre ao criar uma narrativa que é, ao mesmo tempo, uma obra-prima do absurdo e uma reflexão assombrosa sobre o destino humano. O enredo não se desenrola; ele sufoca. Cada capítulo é uma corda que se aperta ao redor do nosso pescoço, enquanto somos levados a questionar a própria realidade. 😱
O autor viveu numa Europa de pré-Guerra, entre o caos e a incerteza. E essa atmosfera contamina cada página de O Castelo. Ao te envolver, Kafka te força a encarar a própria impotência frente às forças invisíveis que governam nossas vidas. É angustiante, é opressor, mas também é incrivelmente libertador. Porque, ao refletirmos sobre a tragédia de K., somos confrontados com nossas próprias limitações e a necessidade de encontrar sentido em um mundo sem sentido.
Leitores ao redor do mundo têm opiniões contundentes sobre esta obra. Uns a chamam de genialidade crua; outros, de tortura emocional. "Kafka é perturbador e brilhante," dizem. As críticas são um reflexo da sua capacidade inigualável de mexer com o âmago do ser humano, de te fazer rir e chorar na mesma medida.
Kafka influenciou gigantes como Albert Camus, que encontrou em seus textos a matéria-prima para a filosofia do absurdo. Camus não escreveu O Estrangeiro à toa; estava de alguma forma respondendo ao chamado kafkiano. E quem lê O Castelo não sai o mesmo: é uma transformação, uma revolução interna, um chamado à consciência.
Portanto, ao fechar este livro (se você conseguir), prepare-se para entender algo que poucos ousam encarar: a vida como um interminável questionamento, um castelo de cartas que está sempre prestes a desmoronar. E nesse desmoronamento, talvez, resida a única verdade: a necessidade de seguir questionando, de nunca se render. Por isso, leia O Castelo. Porque, de certa maneira, ele nos lê.
📖 O castelo
✍ by Franz Kafka
🧾 488 páginas
2000
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