O doente imaginário
Molière
RESENHA

O doente imaginário é uma obra tão atemporal que atravessa séculos, fazendo o leitor questionar as verdadeiras intenções de uma humanidade que se apega ao seu sofrimento, como um manto confortável e familiar. Molière, o gênio do teatro francês do século XVII, não apenas escreve uma comédia; ele esculpe uma crítica mordaz à hipocrisia e à medicalização do ser humano. Se você acha que a medicina ou a dor são apenas temas de discussões acadêmicas, prepare-se para ser exorcizado desse comodismo!
Na história, conhecemos Argan, um hipocondríaco que se debate entre sua imaginação fértil e os reais perigos de sua saúde - ou da falta dela. Seu mundo é uma dança entre médicos charlatães e um desejo desesperado por atenção. 🩺 É impossível não lembrar de como, em nossos dias, a busca por diagnósticos e tratamentos pode se transformar em um espetáculo cruel. O satírico retrato de Molière nos lança à realidade de pessoas que, tal como Argan, vivem mais em função de suas doenças do que de suas vidas. É uma pulsão que ecoa nas salas de espera dos consultórios, como uma melodia triste.
E que tal reconsiderar o que você pensa sobre a condição humana? O autor não poupa críticas à medicina daquele tempo, mostrando como os médicos muitas vezes se colocam como oráculos, manipulando a insegurança de seus pacientes. É uma visão que nos remete constantemente ao presente, onde a confiança em profissionais de saúde é testada e questionada, gerando um turbilhão de emoções que vai do medo à raiva. 😠
O humor às vezes é um escudo para as verdades mais duras. Ao fazer rir, Molière nos empurra a refletir: até onde você vai para ser validado? O que está disposto a fazer para ser visto e ouvido? Argan, em sua busca por amor e validação, se vê cercado pelas tramas de sua própria criação e pelas intenções manipuladoras de sua esposa, Béline. E quem está livre dessa história? Afinal, quem nunca se deixou levar pela necessidade de atenção, mesmo que isso signifique se colocar como 'doente' em vez de 'vivo'?
As polêmicas não cessam: a obra foi um divisor de águas que, à época, desafiou normas culturais, e sua influência ecoou em figuras como Voltaire e Diderot. O doente imaginário fez escola! Quando a platéia ri do seu desespero, Molière nos obriga a confrontar nossa própria relação com o sofrimento e a busca incessante por cuidados, um discurso que nunca foi tão relevante.
Os comentários dos leitores são fervorosos. Enquanto alguns elogiavam a sagacidade do texto e a complexidade dos personagens, outros criticavam sua abordagem, considerando-a exagerada ou até mesmo insensível. Mas é exatamente isso que Molière pretendia: causar um impacto que fizesse a sociedade refletir sobre suas próprias falhas. A comédia aqui não é apenas para entreter; é para esclarecer.
E se você ainda não leu O doente imaginário, não se engane: você corre o risco de ficar à margem de uma discussão fundamental sobre a essência da vida e como lidamos com nossas vulnerabilidades. Ao adentrar nesse universo de risos e reflexões profundas, você poderá descobrir não só o lado cômico da vida, mas também a gravidade do riso. Prepare-se para uma viagem que, com certeza, mexerá com sua forma de encarar tudo ao seu redor! ✨️
📖 O doente imaginário
✍ by Molière
🧾 80 páginas
2004
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