O leitor
Bernhard Schlink
RESENHA

O leitor, de Bernhard Schlink, é muito mais do que uma simples narrativa; é uma viagem visceral ao âmago da culpa, do amor e das complexas interseções entre passado e presente. Ao mergulhar nas páginas dessa obra, é impossível não sentir a pressão intensa da história, que se desenrola sob os efeitos sombrios da Segunda Guerra Mundial e suas consequências inexoráveis.
A trama gira em torno de Michael Berg, um adolescente que se vê envolvido em um romance inesperado com Hanna Schmitz, uma mulher enigmática e muito mais velha. O que começa como um affair cheio de paixão e descobertas tem um impacto profundo e duradouro. Quando a amante desaparece de sua vida, Michael não imagina que seus caminhos voltarão a se cruzar de uma forma tão trágica e reveladora. O reencontro, que ocorre anos depois, desencadeia uma série de reflexões perturbadoras não apenas sobre a relação dos dois, mas também sobre a sombra do Holocausto que paira sobre a vida deles e da nação.
Schlink tece uma narrativa que não apenas questiona a moralidade das ações humanas, mas também critica a maneira como a sociedade lida com a culpa e o arrependimento. Os leitores são levados a avaliar não apenas a culpa de Hanna, mas também a responsabilidade de Michael, que se vê dividido entre a admiração e a repulsa. Essa dualidade faz com que cada página seja uma verdadeira montanha-russa emocional, onde os dilemas morais e as tensões históricas se entrelaçam.
O autor, Bernhard Schlink, é um juiz e escritor de grande renome na Alemanha, cuja própria vivência e formação foram moldadas pelas cicatrizes da história. Ao escrever O leitor, ele não apenas cria um romance envolvente; ele provoca uma reflexão profunda sobre o papel da literatura na compreensão do passado e no enfrentamento das verdades muitas vezes dolorosas que ele carrega. Os leitores comentam como a obra evoca sentimentos intensos e reflexões sobre a natureza humana, fazendo-os questionar suas próprias verdades e preconceitos.
A crítica é unânime ao destacar o poder da prosa de Schlink, que evoca emoções de maneira crua e direta. Alguns leitores, no entanto, expressaram desconforto em relação aos temas abordados, questionando a romantização de um relacionamento entre uma jovem e uma mulher que carrega um passado sombrio. Essa controvérsia apenas adiciona camadas à obra, gerando debates acalorados sobre amor, perdão e a capacidade humana de perdoar atrocidades.
Ao terminar O leitor, uma sensação de inquietude fica. As complexidades de Michael e Hanna fascinam e perturbam, levando o leitor a questionar até onde vai a empatia e a capacidade de entendimento do outro. É um convite não apenas à leitura, mas à reflexão sobre a própria condição humana, suas nuances e contradições. Portanto, não se limite a fechar o livro e seguir sua vida; permita-se ser transformado pelo confronto das ideias e emoções que Schlink tão habilidosamente coloca em suas páginas. A obra é um divisor de águas e, ao lê-la, você se vê imerso em um turbilhão de pensamentos que não deixarão sua mente em paz tão cedo.
📖 O leitor
✍ by Bernhard Schlink
🧾 240 páginas
2008
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