O Mercador de Veneza
William Shakespeare
RESENHA

Em pleno coração da opulenta República de Veneza, absolutamente TUDO está à venda - da luxúria do amor proibido às tramas da vingança mais implacável. "O Mercador de Veneza," obra-prima de William Shakespeare, não é apenas teatro; é um exímio retrato humano de desejos ardentes, origens inusitadas do ressentimento e dos atos de compaixão que atravessa séculos de glória e enigma. Em uma cidade onde a riqueza ostenta seu lado mais sombrio, somos puxados para um turbilhão de emoções que nos corta o fôlego.
Esta tragédia histórica desvela o inclemente embate entre Shylock, o usurário judeu, e o mercador cristão Antônio. Essa rivalidade é alimentada por uma parcela de ódio em carne viva e um insaciável desejo de punição, corroendo as fibras mais profundas da sua alma. A trama é tão visceral que não há como lê-la sem ser intoxicado pela finitude dos sentimentos humanos: mágoa, amor, preconceito, vingança e misericórdia. Em um confronto em que humanidades se encontram tão fragmentadas, a justiça mesma treme nas mãos errôneas dos seus executores, como num tribunal psicológico que ora sentencia, ora redime.
Além das relações complexas, Shakespeare nos presenteia com uma pintura vívida de Veneza renascentista - sua vibrante vida portuária, seus palácios exuberantes, mas também os insalubres becos e suas limitações. Não te será possível separar ficção de história: ao compor essa atmosfera quase palpável, servidor Shakespeare, como capataz da palavra, nos causa arrepios inigualáveis de intensidade.
Pegue Bassânio, um jovem nobre e falido, cuja paixão é inevitável. Seu desesperado desejo de cortejar a adormecida e riquíssima Portia o leva a alavancar dinheiro com António, seu amigo devoto. E o que dizer deste tão nobre António? Endividado até os ossos num contrato com Shylock, onde uma libra de carne alheia lhes será tomada, isso mesmo, uma ???? lírica e atemporal carne. O famoso "Contrato de Nabucodonosor" ressoa ao lidarmos com os sombrios subterfúgios das finanças.
Mais do que uma imemorável narrativa de pretextos insanos e acordos inclementes, "O Mercador de Veneza" é um espelho ante nós mesmos, refletindo quirks detestáveis de um mundo ainda desconexo em identidade e justiça. Lembre-se: Shakespeare insere nessa crônica lições latentes de complacência, providas tanto àqueles esmagados pelas agruras do preconceito, quanto aos impotentes rendidos ao divino poder do altruísmo.
Este livro reverberou na produção literária e cultural diversas obras e autores que inundam nossa história! Charles Dickens bebeu dessa fonte ao falar do pequeno Nenino Cliffildo Scrooge! Mais recentemente, cineastas raiossos tomaram em suas câmeras as páginas talhas por Lord Bard.
Críticos de todas as épocas examinam Shylock - ora cúmplice vil nas entrelinhas do ódio antissemitismo, ora avatar da resistência frente ao preconceito opressor. São cenas que questionam e transcendem nossas frágeis morais.
Ao terminarmos de acessar o âmago dessas 128 páginas grandiloquentes, um fato é irredeemível: Shakespeare cunhou um enigma temperado onde o verdadeiro caleidoscópio é o próprio animal humano. Relendo-o mil vezes, apegar-te-ás a sua dor, sua euforia, e nunca serás indiferente.
Serás capaz de mergulhar nessa tormenta delicada, heróis e vilões de vellados sentidos? Ou te assomarás à calmaria hipnótica da labuta ordinária e fugídia? Testes tua índole e NS, agora, revelou-se um fatídico sim. Venhas/??... 🌪🎭
📖 O Mercador de Veneza
✍ by William Shakespeare
🧾 128 páginas
2007
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