O Patriarcado do Salário
Notas Sobre Marx, Gênero e Feminismo (v. 1)
Silvia Federici
RESENHA

Uma avalanche de ideias, um terremoto nas fundações do pensamento sobre gênero e trabalho: é isso que Silvia Federici entrega em "O Patriarcado do Salário: Notas Sobre Marx, Gênero e Feminismo (v. 1)". Este não é um livro comum, uma leitura para ser folheada de forma displicente. É um convite descornado a revisitar conceitos arcaicos, desafiar tabus e encarar de frente as estruturas patriarcais que moldaram e ainda moldam nossas sociedades.
🔍 Federici, com a maestria feroz a que já estamos acostumados, escancara as entrelinhas do discurso marxista tradicional e nos lança um olhar cortante sobre a relação incestuosa entre o capitalismo e a opressão de gênero. Se você já se questionou sobre o papel subjugador do trabalho doméstico e reprodutivo - aquele que perpetua desigualdades como um motor invisível, mas incessante - este livro dirá tudo e mais um pouco, sublinhado a caneta vermelha e maiúsculas consigo.
Silvia, uma voz de trovão em meio ao silenciamento das mulheres, arquiteta suas argumentações com o fervor de quem nunca se submeteu ao status quo. Nascida na Itália em 1942, essa acadêmica e ativista possui um currículo de lutas: draftada no feminismo dos anos 1970, engajada nas campanhas anticoloniais e na defesa da autonomia feminina. Federici não escreveu esse livro porque "quis"; ela se viu compelida pelo sangue e pela história dos expropriados. 🌍
Entre as páginas de lança-chamas, há um desmonte histórico impiedoso. O leitor compreenderá o pano de fundo em que Karl Marx formulou suas teorias, e como, embora revolucionárias, ainda negligenciaram nuances fundamentalmente femininas. O grito de Federici é um grito contra o invisível: aqueles trabalhos não remunerados, aquelas micro opressões no ambiente doméstico, escondidas sob tapetes bem lavados.
Deu para sentir o peso das palavras? 💥 Federici te desafia a enxergar além da superfície. Nas críticas corajosas ao "trabalho produtivo" e suas fronteiras mascaradas que separam "trabalho" e "não-trabalho", o impacto não é menor do que a colisão de dois planetas. Ela traça paralelos entre o patriarcado e a forma como a mão de obra pertence majoritariamente a homens - erodindo a convicção de que a opressão econômica e a opressão de gênero funcionem separadamente.
Quando você adentra esse universo literário, experimentalismo acadêmico dialoga com a crueza do ativismo de rua. Federici é uma mestra das analogias ácidas, incomodativas. A solidão da dona de casa perpetuada pelo salário não pago; o labirinto sem fim da opressão feminina enraizado na materialidade do capitalismo. Cada página esfrega sal nas feridas maquiadas do nosso cotidiano.
📚A recepção desta obra oscila entre o deslumbramento e a polêmica. Apologistas do rigor ortodoxo marxista podem torcer o nariz, reclamando de um suposto desvio das "verdades absolutas". No entanto, as alvarás feministas vibram com a renovação crítica. Ler "O Patriarcado do Salário" não é um ato puramente intelectual, é um manifesto. É um empurrão irrefreável, sorrateiro e visceral 🤯.
Então, pule de cabeça. Mergulhe na proa de uma narrativa que te tira do sério. É impossível passar por essas 208 páginas sem que elas te rasguem a carne e enterrem novas verdades ardentes na tua consciência. É como se Federici nos entregasse um cálice de fogo - ou você engole e queima por dentro, ou permaneça na ignorância de ter olhado e se acovardado perante a verdade gritante.
Esta é a antítese do passivo. Prepare-se para entrar em batalha intelectual e emocional. Você conclui a leitura e, antes que perceba, já está compartilhando com fervor nas redes sociais, gritando para que o mundo também desperte dessa longa noite patriarcal. 🔥
📖 O Patriarcado do Salário: Notas Sobre Marx, Gênero e Feminismo (v. 1)
✍ by Silvia Federici
🧾 208 páginas
2021
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